Abin: PF prossegue com operação que desarticula agência usada por Bolsonaro para espionar servidores
Nesta quinta-feira (11), a Polícia Federal prossegue com a quarta fase da Operação Última Milha, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa utilizada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro para monitorar ilegalmente autoridades públicas e opositores.
Os agentes cumprem cinco mandados de prisão preventiva e sete mandados de busca e apreensão, expedidos pelo STF contra alvos nas cidades de Brasília, Curitiba, Juiz de Fora, Salvador e São Paulo. O núcleo clandestino aninhado na Abin recebia também informes de policiais civis, militares e federais de todo o Brasil, alinhados com sua doutrina de extrema direita.
“Nesta fase, as investigações revelaram que membros dos três poderes e jornalistas foram alvos de ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas. A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos”, diz a PF.
A jornalista Luiza Alves foi uma das espionadas durante o governo de Bolsonaro. O monitoramento de Luiza foi feito pela Abin sem que houvesse qualquer plano de operação formal, o que contraria as próprias regras da agência. Ao jornal O Globo, a pesquisadora disse que acredita que foi alvo de espionagem porque estava avançando no combate à desinformação nas redes que apoiavam o ex-chefe de governo.
“Fui perseguida porque estava começando a dar indícios de toda essa estrutura de vigilância, de operações e rede de influência do governo passado. Espero que tudo seja investigado e que as medidas adequadas contra quem fez isso sejam tomadas”, afirmou.
Por: Ágatha Araújo
Foto: reprodução/Cada Minuto