Desemprego no Rio atinge 9,3% e expõe desequilíbrios históricos da economia

O Rio de Janeiro, que possui a segunda maior economia do Brasil e representa 11,4% do PIB nacional, ainda enfrenta a sexta maior taxa de desemprego entre os estados brasileiros. De acordo com os dados mais recentes da Pnad Contínua do IBGE, a taxa de desocupação no estado do Rio de Janeiro foi de 9,3% no primeiro trimestre de 2025, empatando com Sergipe. O estado ficou atrás apenas de Pernambuco (11,6%), Bahia (10,9%), Piauí (10,2%), Amazonas (10,1%) e Rio Grande do Norte (9,8%).
Apesar de uma leve recuperação do mercado de trabalho após os impactos da pandemia, a taxa de desemprego no Rio permanece acima da média nacional e distante dos níveis anteriores à crise de 2014. Naquele ano, no embalo dos grandes eventos esportivos, o índice chegou a 5,8%, tornando-se o oitavo menor do país. À época, o Rio ainda surfava a onda dos investimentos da Copa do Mundo e se preparava para sediar as Olimpíadas.
“Provavelmente, vai levar muito tempo até que a taxa de desemprego fique mais próxima do que tínhamos lá em 2014. O mercado de trabalho estava aquecido naquela época, com obras da Copa e das Olimpíadas. Foi um período extremamente atípico”, explica Jonathas Goulart, gerente de estudos econômicos da Firjan.
Desde então, o estado enfrentou uma sequência de choques que minaram sua economia: recessão nacional, queda nos royalties do petróleo, desmobilização de grandes obras, cortes de investimentos da Petrobras após a Lava Jato e instabilidade política prolongada, com governadores afastados ou não reeleitos.
“Se lá atrás o Brasil teve um cenário muito complexo, o Rio de Janeiro teve uma tempestade perfeita”, resume Goulart.
O impacto dessas crises também se reflete na informalidade, que alcançou 37,2% dos trabalhadores fluminenses no primeiro trimestre de 2025. Esse é o segundo maior índice entre os estados do Sudeste e Sul, ficando atrás apenas do Espírito Santo (37,5%), e muito acima da média de 25,3% registrada em Santa Catarina. Nacionalmente, a informalidade é de 38%, com picos como os 58,4% do Maranhão.
A falta de oportunidades formais afeta moradores das periferias do mercado de trabalho, como Karina, de Nova Iguaçu, que nunca teve emprego com carteira assinada e enfrenta dificuldades por ser mãe solo de uma criança autista. Segundo o economista Gilberto Braga, apesar da recuperação econômica, o Rio ainda sofre com desequilíbrios estruturais e perda de protagonismo nacional.
A Secretaria de Trabalho reconhece o alto desemprego, mas aponta melhora com crescimento em setores como serviços e petróleo. Já Marcelo Neri, da FGV, defende uma reorganização territorial e políticas regionais para enfrentar desafios como milícias e desigualdade. Especialistas alertam que a dependência do petróleo exige que o estado se prepare para a transição energética. Enquanto isso, a população continua na informalidade, à espera de empregos de qualidade.
Por: Carolina Sepúlveda
Foto: Imagem gerada por inteligência artificial/ Reprodução Diário do Rio