Dom Jaime diz que Conclave verdadeiro contrasta com tensão retratada em filme vencedor do Oscar

O arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, que representa o Brasil no conclave que começará em 7 de maio no Vaticano, relata viver em Roma uma experiência marcada por fraternidade e escuta entre os cardeais, enquanto se prepara para ajudar a eleger o sucessor do Papa Francisco, falecido em 2025, em meio a um cenário global de desafios para a Igreja Católica.
Em sua primeira participação em um conclave, Dom Jaime Spengler carrega nos ombros a responsabilidade de representar o Brasil entre os cardeais eleitores que definirão o novo líder da Igreja Católica. Nomeado cardeal há poucos meses por Francisco, ele reconhece a surpresa com o chamado e a tensão natural do momento, mas acredita que o amor pela missão o ajuda a manter a serenidade necessária.
Nos corredores do Vaticano, o clima tem sido oposto ao que retrata o filme “Conclave”, premiado no Oscar e aclamado pela crítica. Em vez de intrigas e tensões, o que Spengler vê é proximidade, interesse mútuo e trocas sinceras entre líderes religiosos de cerca de 70 nacionalidades diferentes. Para ele, essa diversidade não é um entrave, mas um sinal da riqueza da fé católica espalhada pelo mundo.
Dom Jaime evita rótulos como “conservador” ou “progressista” para descrever os possíveis candidatos ao papado. Ele acredita que o próximo Papa precisará equilibrar a tradição bíblica com os sinais dos tempos, sem perder a sensibilidade para ouvir e acolher. A inspiração, afirma, deve vir tanto da experiência como da graça divina, pois essa escolha é guiada pela fé e não apenas por critérios políticos ou institucionais.
Entre os legados de Francisco que ele considera essenciais, estão a simplicidade, a defesa das periferias, o diálogo inter-religioso e a preocupação com o meio ambiente. Para o cardeal brasileiro, o futuro da Igreja passa por escutar mais e cultivar pontes de diálogo em um mundo marcado por crises de liderança, nacionalismo crescente e desconfiança nas instituições globais.
Por: João Pena
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