Plastificantes podem ter sido responsáveis por 360 mil mortes por doenças cardíacas em 2018

Que os ftalatos contribuíram para mais de 10% das mortes globais por doenças cardíacas em 2018 entre pessoas de 55 a 64 anos é o que revela um novo estudo publicado nesta terça-feira, 29 de abril, na revista “eBiomedicine”. Quem liderou a pesquisa foi Leonardo Trasande, professor da Universidade de Nova York, e onde isso acontece é no cotidiano das pessoas, que são expostas a esses compostos em produtos comuns. Como isso ocorre por contato com embalagens, cosméticos e plásticos, o alerta é urgente porque a exposição, embora invisível, pode ser fatal.

Os ftalatos, especialmente o DEHP, estão presentes em uma vasta gama de itens, desde perfumes e xampus até brinquedos e embalagens de alimentos. Eles são usados para tornar plásticos mais flexíveis, mas também estão associados a inflamações arteriais, desequilíbrios hormonais e problemas reprodutivos. No novo estudo, foram analisadas amostras de urina e dados de mortalidade de 200 países, concluindo que quase 370 mil mortes podem ter sido causadas pela exposição ao DEHP.

A África foi a região mais afetada, concentrando cerca de 30% das mortes relacionadas ao produto químico, seguida por Leste Asiático e Oriente Médio. Os resultados sugerem que essas substâncias, presentes em praticamente todos os lares, representam riscos silenciosos à saúde pública. Mesmo com algumas limitações metodológicas, como o uso de índices de risco dos EUA em dados globais, os pesquisadores destacam a gravidade do cenário.

A pesquisa reforça achados anteriores que associam ftalatos à mortalidade precoce, especialmente por doenças cardiovasculares. Estimativas anteriores nos Estados Unidos indicaram que essas mortes podem custar ao país até US$ 47 bilhões por ano em produtividade perdida. O impacto econômico só amplia a urgência por regulamentação mais rígida e medidas de prevenção acessíveis à população.

Reduzir a exposição é possível, mas exige atenção diária. Evitar plásticos no preparo e armazenamento de alimentos, escolher produtos sem fragrância e dar preferência a alimentos frescos são algumas das estratégias recomendadas por especialistas. Pequenas mudanças no consumo e no estilo de vida podem significar uma grande diferença diante de riscos tão presentes e ainda pouco discutidos.

Por: João Pena
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