Trump chama Harvard de ‘antissemita’ e rompe com advogado da universidade

Em mais um ataque à Universidade de Harvard, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, rotulou a instituição como “antissemita de extrema esquerda” nesta quinta-feira (24). A afirmação, feita em meio à disputa judicial entre a prestigiosa universidade americana e o governo republicano pela suspensão de verbas, foi compartilhada em uma publicação nas redes sociais.
“Esse lugar é um desastre liberal, com estudantes (…) do mundo inteiro que querem destruir o nosso país”, escreveu o mandatário. “Harvard é uma ameaça à democracia, com um advogado que me representa e que, portanto, deveria ser forçado a renunciar imediatamente ou ser demitido”, acrescentou ele, em aparente referência a William Burck, do escritório de advocacia Quinn Emanuel Urquhart & Sullivan.
Burck, que atua em casos políticos e corporativos de alto nível, foi contratado em janeiro para servir como consultor externo de ética da Organização Trump. Na época, o filho do presidente, Eric Trump, afirmou estar “orgulhoso” de anunciar a contratação de Burck, descrevendo-o como “um dos advogados mais respeitados e competentes do país”. Nesta quinta-feira, no entanto, o mandatário publicou:
“(Burck) nem é tão bom assim, e espero que minha grande e bela empresa, agora dirigida por meus filhos, se livre dele o quanto antes”. Horas depois, Eric Trump confirmou que a empresa não utilizará mais os serviços do advogado, afirmando em nota que encara a situação como um “conflito de interesse” e que seguirá “por outro caminho”.
William Burck, advogado e conselheiro de ética da Organização Trump, foi contratado por Harvard para defender a universidade após o governo congelar US$ 2,2 bilhões em bolsas. A medida veio após críticas de que a instituição não combate adequadamente o antissemitismo.
Burck afirmou que Harvard não abriria mão de sua independência nem de seus direitos constitucionais. Ele agora lidera a ação contra agências federais, alegando que o corte de verbas viola a liberdade de expressão e ameaça pesquisas vitais. A universidade quer acelerar o julgamento.
A ofensiva do governo Trump inclui ameaças a outras instituições, como Columbia e Princeton, com cortes, retirada de vistos e perda do status de isenção fiscal. Apesar de reconhecer a importância do combate ao antissemitismo, Harvard afirma que o governo não pode interferir em sua gestão.
Conservador, Burck já atuou na Casa Branca de George W. Bush e defendeu aliados de Trump no inquérito sobre a Rússia. Representou o bilionário Ken Griffin contra a Receita e o prefeito de NY em um caso arquivado. É sócio do escritório Paul Weiss e negociou um acordo de US$ 40 milhões em serviços jurídicos para causas conservadoras.
Por: Carolina Sepúlveda
Foto: Sophie Park/Bloomberg