Balões ilegais sobrevoam Rio e ameaçam segurança no dia de São Jorge

Embora seja ilegal, a prática de soltar balões ganha popularidade no Rio nesta quarta-feira (23), dia de São Jorge. No início da manhã, o Globocop, do RJ1, registrou dois balões sobrevoando a cidade, com um deles se dirigindo ao Aeroporto Santos Dumont, na área central. Especialistas em riscos e o Corpo de Bombeiros advertem sobre os riscos dessa atividade, que causa vários incêndios, seja em áreas urbanas ou florestais.
Soltar balão mata e é crime, representa um risco real ao meio ambiente, à segurança pública e à vida de todos nós. Os balões representam um grande perigo para a aviação. O risco de colisão ou de sucção pelas turbinas das aeronaves é real. Nessa situação, a chance de um acidente aéreo é muito alta — disse o porta-voz do Corpo de Bombeiros do Rio, major Fábio Contreiras.
O primeiro balão flagrado pelo RJ1, nesta quarta-feira, foi por volta das 6h30, na Zona Portuária, em direção do Aeroporto Santos Dumont, na Região Central da cidade. Cerca de 1h depois, o Globocop flagrou outro balão na região de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio.
Soltar, vender ou transportar balões é crime ambiental com pena de 1 a 3 anos de detenção e multa de, no mínimo, R$ 10 mil, conforme a Lei Federal 9.605/1998. A prática é ilegal mesmo sem fogo e pode gerar outras punições caso cause incêndios, danos ao patrimônio ou risco à aviação, alertam os bombeiros.
Contreiras também explica que, nas áreas urbanas, os balões podem facilmente atingir a rede elétrica, provocando curtos-circuitos e deixando milhares de pessoas sem energia. Além dos riscos de incêndios e acidentes, o impacto para os serviços essenciais pode ser enorme.
“Seja consciente: não solte balões. Em caso de incêndio, ligue para o 193 e conte sempre com o Corpo de Bombeiros”, disse o major.
Um levantamento feito pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), mostrou que, de janeiro a junho do ano passado, foram registrados 64 balões nos céus da cidade do Rio, que liderava o ranking. O número é superior aos registros feitos em Curitiba, a segunda cidade na lista do órgão, com 18 casos.
Para Gerardo Portela, especialista em riscos e segurança, soltar balões é um “ato contra a vida humana, contra o meio ambiente e até contra a imagem da cidade, do estado e do país”.
É um equipamento feito, na maioria das vezes, com estrutura metálica de arame, conduzindo uma bucha que funciona como combustível. Essa bucha pode conter líquido inflamável, sólido e até vapor de gás, já que há balões tão grandes que usam botijões de gás para se manter no ar — explicou Portela.
Uma vez no ar, os balões se tornam objetos totalmente fora de controle, capazes de percorrer áreas urbanas, florestas e até invadir o espaço aéreo. Para o especialista, apesar de muitas vezes estarem associados a homenagens, soltar balões é uma prática ultrapassada — que poderia ser substituída por tecnologias modernas, como drones, capazes de formar imagens e efeitos visuais com mais segurança.
“Estamos em 2025. Quem ainda solta balão está fora de moda. Hoje temos drones, equipamentos sofisticados que permitem controlar movimentos, criar letreiros, figuras tridimensionais. Enquanto isso, ainda existem pessoas com mentalidade de séculos atrás”, lamentou Portela.
Por: Carolina Sepúlveda
Foto: Reprodução RJTV / TV Globo