Fluminense apresenta estudo sobre SAF em meio a protestos e racha político interno

A menos de oito meses do fim de seu segundo mandato, o presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, comanda nesta segunda-feira (14) uma reunião importante no processo de transformação do clube em Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Convocado pelo Conselho Deliberativo, o encontro acontece na sede das Laranjeiras, a partir das 19h30 e será transmitido pela Flu TV.

Na pauta, a apresentação de estudos conduzidos pelo banco BTG Pactual, contratado para assessorar financeiramente o clube. O relatório deve detalhar a situação das dívidas e a projeção de investimentos para a futura SAF.

A reunião ocorre em meio à insatisfação de parte da torcida e a críticas da oposição, que questiona possíveis conflitos de interesse envolvendo o presidente e o próprio banco assessor. Um dos pontos mais sensíveis é a possibilidade de Mário Bittencourt vir a ocupar o cargo de CEO da SAF, algo que o mandatário não nega, embora afirme que isso “nunca foi condicionante do negócio”.

Ex-funcionário do clube e integrante do grupo político Tricolor de Coração, Luís Monteagudo foi desligado do cargo em março, após uma reunião interna para debater o modelo de SAF. Ele afirma que o presidente ficou incomodado com sua participação no encontro:

“A reunião foi às vésperas do Carnaval, com o intuito de debater os modelos e para contribuir e eventualmente votar (sobre a SAF). Ele ficou sabendo da reunião e ficou reclamando, perturbando meu juízo, disse que eu era remunerado pelo clube. Eu respondi que era remunerado há quatro anos e que na reeleição dele em 2022 eu já era contratado e isso não me impediu de ter atuação política, inclusive solicitada por ele” disse Monteagudo, em entrevista ao ge.

Monteagudo também critica a possível nomeação de Mário para a SAF:

 “Ele (Mário) foi mudando de ideia. Era contra a SAF, falava mal de Vasco e Botafogo. Mas viu que era alternativa de perpetuação no poder. Ele é muito fã do Marcelo Paz (ex-presidente e hoje CEO do Fortaleza), que criou SAF também para se perpetuar no poder independentemente de ter qualidade ou não na gestão.”

Junto a outros 33 sócios, Monteagudo enviou um requerimento ao Conselho Deliberativo pedindo esclarecimentos sobre o processo e a inclusão de uma cláusula de “quarentena” que impeça gestores atuais de assumirem cargos na SAF por pelo menos seis anos, visando garantir a isenção na condução das negociações.

Apesar do desgaste político e do racha interno, Mário segue com influência nos bastidores do clube, especialmente após conquistar o inédito título da Libertadores em 2023. Ainda assim, o caminho para a aprovação do modelo de SAF passa por vencer resistências internas e convencer o Conselho e os sócios de que o projeto será benéfico ao Fluminense.

Por: Maria Clara Corrêa

Imagem: Lucas Merçon/FFC