Seca de 7 meses no Bosque da Barra afeta ecossistema após obras da Iguá

O lago do Bosque da Barra, que secou por completo em outubro de 2023 devido a obras da concessionária Iguá, continua seco, afetando gravemente o ecossistema local. De acordo com especialistas e órgãos ambientais, a falta de água impacta diretamente a fauna e flora, incluindo jacarés, aves e plantas. A Iguá afirma que vem cumprindo as exigências dos órgãos responsáveis, mas a questão segue sem uma solução definitiva para a recuperação do lago.
Em outubro do ano passado, o lago do Bosque da Barra secou completamente devido às obras de ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto do bairro, realizadas pela concessionária Iguá. A Prefeitura paralisou a obra ao perceber que ela estava causando a secura. A ação da Iguá rebaixou o lençol freático e provocou a falta d’água no lago, um impacto que o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) alegou nunca ter autorizado.
Antes do lago secar, em setembro de 2023, a Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (AGENERSA) já havia identificado falhas nas obras e no funcionamento da Estação de Tratamento de Esgotos da Barra da Tijuca. A planta fica ao lado do Bosque, o que gerou ainda mais preocupações.
Apesar de a Iguá ter realizado bombeamentos de água para o lago após a seca, o lago voltou a secar, como foi constatado recentemente pela reportagem. A concessionária não respondeu ao questionamento sobre a eficácia desses bombeamentos. O Bosque da Barra, uma área de 54,398 hectares, abriga uma rica fauna e flora, incluindo dezenas de jacarés-de-papo-amarelo. A secura do lago afeta diretamente esse ecossistema, com aves e jacarés procurando alimento nos poucos vestígios de água remanescente. O INEA e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima (SMAC) estão monitorando o impacto, mas ainda não há respostas sobre as ações para mitigar os danos.
Cristiane Fiori, especialista em manejo de fauna, destacou que, para recuperar o ecossistema, é essencial garantir um volume hídrico suficiente para sustentar a vida dos animais e plantas. Fiori também alertou que mover os animais para outro local deveria ser considerado apenas como último recurso, após avaliação cuidadosa dos impactos.
A SMAC sobre possíveis ações para o Bosque, mas até o momento não obteve respostas. A Iguá, por sua vez, afirmou que seguiu todas as exigências dos órgãos fiscalizadores e que o rebaixamento do lençol freático estava previsto no projeto. A concessionária também mencionou que desde março de 2024 tem colaborado com o bombeamento gradual de 70.000 m³ de água potável para o lago, conforme solicitado pela SMAC. A situação no Bosque da Barra continua sendo monitorada, mas a recuperação do lago e do ecossistema permanece um desafio sem uma solução imediata.
Por: João Pena
Foto: Arquivo Portal Onbus