Estudo questiona se alimentos ultraprocessados realmente causam vício

Estudos recentes têm investigado se alimentos ultraprocessados, como os ricos em gordura e açúcar, podem ser viciantes, comparando seus efeitos com o vício em drogas como opioides e nicotina. A pesquisa, conduzida pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, analisou a resposta da dopamina no cérebro de participantes após o consumo de milkshakes ultraprocessados. Embora os resultados mostrem variação nas reações, especialistas ainda debatem a relação entre esses alimentos e o comportamento vicioso. A dúvida persiste sobre o vício em alimentos, pois, embora algumas pessoas relatem dificuldades para reduzir o consumo, ainda não há consenso científico sobre o assunto.

Recentemente, um estudo conduzido pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA buscou medir a resposta de dopamina em participantes que consumiram um milkshake ultraprocessado. Embora mais da metade dos participantes tenha mostrado um pequeno aumento nos níveis de dopamina, o restante não apresentou mudanças significativas. Esses resultados colocaram em dúvida a ideia de que alimentos ultraprocessados poderiam ser viciantes da mesma forma que drogas, já que os picos de dopamina observados não foram expressivos.

O estudo revelou que alguns participantes mostraram uma reação mais forte à dopamina e consideraram o milkshake mais prazeroso, consumindo mais alimentos depois. Esses indivíduos, chamados de “responsivos”, mostraram comportamentos semelhantes aos de dependentes de substâncias viciantes. Isso sugere que, para algumas pessoas, os alimentos industrializados podem ser mais prazerosos e difíceis de resistir, aumentando o risco de consumo excessivo.

A especialista Ashley Gearhardt defende que a experiência pessoal é fundamental para entender o vício em alimentos. As pessoas que relataram dificuldade em reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados são frequentemente aquelas que atendem aos critérios de vício, como desejos frequentes e comportamentos compulsivos. Para esses indivíduos, a luta para diminuir o consumo pode ser semelhante à de quem sofre de dependência de substâncias.

O debate sobre o vício em alimentos ultraprocessados continua. Para muitos, os efeitos sobre o comportamento e o cérebro são inegáveis, mas a ciência ainda busca entender completamente esse fenômeno, desafiando a forma como vemos a relação entre alimentação, prazer e dependência.

Por: João Pena
Foto: Arquivo Portal Onbus