Ex-prefeito de Belford Roxo, Waguinho é investigado por fraude em contratos de livros didáticos

Wagner dos Santos, o Waguinho, ex-prefeito de Belford Roxo (RJ), está sob investigação da Polícia Federal (PF) na Operação Errata por suspeitas de participação em um esquema de fraude em contratos de mais de R$ 100 milhões para aquisição de livros didáticos.
A ação Errata é fruto de uma colaboração entre a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Controladoria-Geral da República. Waguinho se tornou alvo de investigação após a Polícia Federal efetuar buscas em diversos locais no dia 11 de fevereiro deste ano. Ao longo das investigações, surgiram indícios de que ele também estava envolvido no esquema, motivo pelo qual ele começou a ser investigado.
Conforme destacado pela coluna, a maior parte dos contratos de R$ 100 milhões para aquisição de livros didáticos foi firmada durante a administração de Waguinho na prefeitura de Belford Roxo.
Waguinho é esposo de Daniela do Waguinho, ex-ministra do Turismo no governo Lula (PT), e exerceu dois mandatos como prefeito de Belford Roxo, de 2017 a 2024.
A esposa do político virou ministra após ele apoiar Lula na campanha eleitoral de 2022, mas foi demitida sete meses depois da posse em um movimento do governo para ampliar sua base no Congresso Nacional.
O esquema investigado na Errata, segundo a apuração, envolve as editoras Soler e IPDH, que fecharam uma série de contratos milionários com o município na gestão Waguinho. Os livros, no entanto, poderiam ter sido adquiridos gratuitamente pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) do Ministério da Educação (MEC).
O esquema envolve uma teia de empresas e “laranjas”, que atuavam no escoamento dos valores provenientes dos desvios.
Dados da investigação mostram que ao menos duas empresas citadas na apuração mantiveram relações com a campanha da deputada Daniela Carneiro, mulher de Waguinho.
A campanha de Daniela, em 2022, contratou a Lastro Indústrias Gráficas. A empresa recebeu cerca de R$ 5,7 milhões da Editora Soler, que foi alvo de busca e apreensão e é uma das principais investigadas na operação Errata.
Segundo a PF, a Soler não tinha funcionários desde 2016. Mesmo assim, assinou, entre 2019 e 2023, R$ 53 milhões em contratos com a gestão de Waguinho.
A coluna entrou em contato com Waguinho, mas não obteve resposta.
A deputada Daniela Carneiro negou “veementemente qualquer tipo de vínculo ou relação com as pessoas e empresas citadas no processo.”
“Quanto às gráficas, os serviços contratados na época da campanha foram todos retirados nos parques gráficos indicados pelas empresas contratadas”, disse a parlamentar.
Já o titular da editora Soler, Sandro Coutinho, negou qualquer tipo de irregularidade e afirmou que o valor repassado à Lastro é resultado de 5 anos vendendo livros ao município, uma vez que a gráfica foi responsável por rodas os materiais.
Coutinho afirma que ao invés de receber os livros “estáticos” de graça pelo governo, o município pode escolher comprar seu próprio livro, “dinâmico e regionalizado principalmente nas matérias de história e geografia do local”.
“Não existe dois dinheiros , existe a opção de receber os livros ,ou pedir o repasse da verba para poder comprá-los”, afirma. “o IDEB do município cresceu na parceria com a Soler. Praticamos preço de mercado , de forma alguma houve superfaturamento”.
Por: Carolina Sepúlveda
Foto: Rep/ Internet