Cid diz que Bolsonaro pediu para verificar presentes de alto valor: ‘Vamos tentar vender isso aí?’
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O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de Ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, disse à Polícia Federal (PF), em acordo de delação premiada, que o ex-presidente Jair Bolsonaro pediu expressamente para que ele vendesse joias recebidas como presente da Arábia Saudita na condição de chefe de Estado. O delator confirmou ainda que Bolsonaro recebeu US$ 86 mil em dinheiro vivo pela venda das joias e dos relógios.
Dessa quantia, Cid confessou que uma parte – US$ 18 mil – foi entregue por ele mesmo a Bolsonaro, em meados de 2022, após a venda de um kit de joias Chopard que havia sido presenteado pela Arábia Saudita em 2019. Os itens foram vendidos em Miami, nos Estados Unidos, revelou o tenente-coronel.
Segundo o militar, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o ex-presidente “vinha reclamando sistematicamente de gastos que ele poderia ter quando deixasse o governo”. Dentre as preocupações de Bolsonaro, conforme Cid, estavam as multas por ausência de máscara durante a pandemia de Covid-19 e multas por não usar capacete em motociatas que participou.
“Ele pediu para verificar quais seriam os presentes que poderiam ter algum valor. A maneira mais fácil de quantificar seria pelos relógios, por causa da marca e tudo. então eu fiz um levantamento. e(…) A gente viu qual relógio poderia ser quantificado, qual podia ter realmente algum um valor. Nessa relação, o Rolex estava entre eles. Apresentei essa lista [ao presidente] e ele falou: ‘pô, bicho, vamos tentar vender isso aí?”, disse Cid.
O relato de Cid foi tornada público nesta quarta-feira (20) pelo Supremo Tribunal Federal (STF), um dia depois de o procurador-geral da República, Paulo Gonet, ter denunciado o tenente-coronel, Bolsonaro e outras 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, entre outros crimes.
Por: Ágatha Araújo
Foto: reprodução