Prefeitura vai oferecer 50 vagas da ‘creche’ para ambulantes deixar filhos no Carnaval do Rio
Para o Carnaval de 2025, a Prefeitura do Rio acrescentou o espaço de conivência para filhos de ambulantes que trabalham na festa. A iniciativa da Secretaria Municipal de Assistência Social funciona no Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDI) Rachel de Queiroz, na Avenida Presidente Vargas, próximo ao Sambódromo, das 18h às 6h, durante ensaios técnicos e desfiles na Sapucaí. As crianças têm acesso a alimentação, atividades recreativas e culturais.
A medida atende a uma demanda antiga de mães que levam os filhos aos blocos por não terem onde deixá-los. São oferecidas 50 vagas por noite, cerca do dobro do ofertado em 2024. O atendimento começou no dia 25 de janeiro, na primeira noite de ensaios técnicos, e segue até 8 de março, dia do Desfile das Campeãs.
“É bem dificultoso e é bem triste você ver uma mãe tentando o sustento, tentando levar alimento para dentro de casa, em uma tripla jornada na rua e com a criança, sabe? A criança fica estressada, a criança fica com o estado psicológico totalmente abalado também, porque tem que ficar na rua, fazendo 40 graus nos dias, com a mãe vendendo bebida”, diz Carol Alves, coordenadora do coletivo Elas por Elas Providência.
O Elas por Elas é um coletivo de mulheres trabalhadoras informais que lutam pelo reconhecimento e por direitos das mulheres em trabalhos sem carteira assinada. Carol conta que, em 2023, elas souberam de iniciativas em Salvador, que proporcionam espaços seguros para que os filhos de ambulantes possam ficar enquanto os pais trabalham no carnaval. Desde então, lutam por algo semelhante no Rio de Janeiro.
De acordo com a Secretaria, além de atender crianças cujos responsáveis procuram o serviço, assistentes sociais farão uma busca ativa para identificar famílias que necessitam do apoio. Eles circularão pelo entorno, avaliando as necessidades e convidando os pais a utilizarem o espaço.
Apesar do avanço, trabalhadoras reivindicam a ampliação do serviço para outras regiões da cidade, já que os blocos acontecem em diversos pontos. Elas também defendem que o espaço funcione durante o pré-carnaval e ao longo do dia. “Saímos de casa de madrugada, por volta de 5h30, 6h, para comprar bebida e pegar o primeiro bloco, que começa às 7h ou 8h. Quando um termina, já partimos para o próximo. Normalmente, só conseguimos chegar em casa por volta da meia-noite ou 1h da manhã”, afirma Carol.
Em 2024, o serviço foi oferecido pela primeira vez, fruto de uma parceria entre a 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Capital, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e a Secretaria Municipal de Assistência Social.
Por: Carolina Sepúlveda
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil