Igrejas tombadas no Rio têm peças vendidas ilegalmente em leilões de arte no Rio e SP

A Polícia Federal apreendeu itens valiosos de prata de lei roubados das igrejas Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores e Nossa Senhora do Monte do Carmo, no Centro do Rio, além de tocheiros da catedral de Belém (PA). Os objetos, avaliados em mais de R$ 400 mil, foram encontrados na casa de leilões Dagmar Saboya e devolvidos às igrejas.

A investigação revelou que os furtos na Lapa dos Mercadores ocorrem há décadas. Segundo Cláudio André Castro, provedor da igreja, mais de 300 itens desapareceram, incluindo anjos e lustres arrancados entre 1987 e 1999.

“Os anjos foram serrados das paredes”, disse.

Registros indicam que algumas peças foram vendidas em leilões. Em 2013, um par de querubins retirado da igreja foi leiloado por US$ 2.300. Em 2018, a casa Villa Antica vendeu um lampadário de prata por R$ 25 mil, informando que era da Capela do Carmo, na Antiga Sé.

A Igreja do Carmo, também no Centro, sofreu saques contínuos desde os anos 1990, com o desaparecimento de 229 peças. Investigações apontam um possível esquema envolvendo leiloeiros e colecionadores.

Agora, a PF investiga um atril de prata, leiloado em Campinas em 2024, que pode ter sido furtado da Lapa dos Mercadores. O Iphan reforça que bens de igrejas tombadas são inalienáveis e criou um sistema para monitorar peças desaparecidas. “Os leiloeiros devem informar ao Iphan sobre itens históricos à venda”, diz o órgão.

Por: Beatriz Queiroz
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