Defensoria Pública propõe retirada de homenagens a figuras históricas racistas

A Defensoria Pública da União (DPU) emitiu uma nota técnica na qual defende a retirada de homenagens a figuras históricas que seguiam ideais racistas, escravocratas e eugenistas dos locais públicos. Elaborada pelo Grupo de Trabalho de Políticas Etnorraciais da DPU, a medida foi sugerida após a realização de uma audiência pública para tratar a respeito da “moralidade administrativa de uma homenagem concedida ao psiquiatra Nina Rodrigues (1862-1906)”, uma referência contrária à miscigenação e favorável à segregação racial.

“Retirar o nome de locais públicos de quem contribuiu diretamente para a construção de uma ciência eugenista e racista é imprescindível para o combate ao racismo. Não se pode aceitar que praças, ruas, pontes e prédios públicos, ou seja, espaços construídos ou mantidos pelo Estado, sejam lugares de celebração de quem outrora legitimou hierarquias raciais até hoje presentes em nossa sociedade“, diz o documento.

Para Iêda Leal de Souza, pedagoga e integrante do Movimento Negro Unificado, a proposta visa recuperar a história e apontar a gravidade de homenagear pessoas que endossaram discursos racistas.

“O que ele (Nina) fez e estudou abalou a humanidade de um grupo racial, vítima da escravidão. O que a Defensoria faz é recuperar a história, por uma boa memória. É necessário, porém, deixar registrado quem foi essa pessoa. Se as pessoas puderem compreender o significado dos 400 anos de escravidão e do que é o pós-escravidão“, diz Ieda, que também é ex-Secretária de Gestão do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial do Ministério da Igualdade Racial.

Por: Ágatha Araújo

Foto: divulgação