Helena e Eduarda Ferreira, de 16 anos, nascidas e criadas no Morro da Providência, sempre tiveram a necessidade de se identificar com os personagens dos livros que procuravam para ler. Não foi sempre simples. Com isso em mente, as irmãs fundaram na Gamboa, uma área conhecida como Pequena África, a Biblioteca do Erê. O projeto foi concebido para que os leitores se sentissem como protagonistas e se orgulhassem de suas próprias histórias.

“Queremos mostrar o que as pessoas negras sentem e que elas podem ser protagonistas também”, afirma Eduarda, a Duda.

A iniciativa, que teve início em meados do ano passado, fez uma breve pausa para reestruturação e retornará neste início de ano, quando o Rio de Janeiro será declarado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Capital Mundial do Livro. O projeto desenvolvido pelas irmãs resultou no documentário “Biblioteca Erê, uma aventura na Pequena África”, que documenta todo o processo de execução do projeto. Lançado no início de novembro na Escola Municipal Darcy Vargas, na Saúde, para os estudantes do 5º ano, o projeto será expandido ao longo do ano para outras instituições de ensino da região, além das plataformas online.

“Sempre foi nosso sonho ter um espaço para os nossos livros. O Pretinhas Leitoras era um projeto mais voltado para as crianças, mas queríamos desenvolver também um trabalho com adolescentes”acrescenta Helena.

O Pretinhas Leitoras, que deu origem à biblioteca, nasceu como uma necessidade de reagir à violência presente no cotidiano no Morro da Providência. O início foi com ações locais, como rodas literárias, em parceria com o Instituto Entre o Céu e a Favela. Depois migrou para as redes sociais. Um dos desafios é atrair os leitores.

Por: Carolina Sepúlveda

Foto: Alexandre Cassiano