Ministério Público investiga conduta de agentes que alvejaram carro de jovem por engano

O procurador da República Eduardo Santos de Oliveira Benones instaurou um Procedimento Investigatório Criminal (PIC) para apurar a conduta de três agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que admitiram ter atirado contra o carro em que Juliana Leite Rangel, de 26 anos, viajava com a família. De acordo com o superintendente da corporação, Vitor Almada, a equipe alegou ter ouvido disparos quando se aproximou do carro e deduziu que vinha dele, mas depois descobriu que tinha cometido um grave equívoco. O incidente ocorreu nesta terça-feira (24), véspera de natal.

Acompanhada do pai, Juliana estava a caminho de Itaipu, em Niterói, para realizar a ceia de natal, quando o veículo em que estavam foi alvejado por policiais, na rodovia Washington Luís (BR-040), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ela foi baleada na cabeça e está no hospital, em estado gravíssimo. Em última atualização, a vítima permanecia entubada no Centro de Terapia Intensivo (CTI) da unidade, com quadro de saúde considerado gravíssimo. Já seu pai, Alexandre, foi baleado na mão esquerda, mas teve alta na terça-feira.

O procurador também requisitou o recolhimento dos veículos utilizados na abordagem, com a devida preservação de seu estado para análise.

“Estamos a ponto de levar os policiais que mataram a menina Heloísa em 2023 a júri popular e a expectativa era a de que isto não acontecesse mais. Infelizmente, aconteceu de novo! Por isto, vemos com muita preocupação o fato de estarem discutindo o aumento das atribuições da PRF com ainda mais militarização e ostensividade, em vez de estarmos debatendo publicamente a criação de mecanismos mais eficientes de controle das forças policiais, como a implementação efetiva das câmeras corporais. Precisamos de segurança pública, mas o custo disto não pode continuar a ser a perda de vidas humanas em vias públicas. Neste sentido, ninguém está seguro. Temos que restabelecer a diferença entre polícia e forças armadas”, afirmou o procurador.

O Ministério Público Federal (MPF) solicitou que o diretor do Hospital Municipal Adão Pereira Nunes, onde Juliana está internada, forneça os boletins médicos e informações atualizadas sobre o estado de saúde da vítima e de seu pai.

Em nota, a Corregedoria-Geral da Polícia Rodoviária Federal informou que os policiais foram afastados de todas as atividades operacionais.

“Por determinação da Direção-Geral, a Coordenação-Geral de Direitos Humanos acompanha a situação e presta assistência à família da jovem Juliana. Por fim, a PRF colabora com a Polícia Federal no fornecimento de informações que auxiliem nas investigações do caso”, diz a nota.

Por: Ágatha Araújo

Foto: divulgação