Adriano Imperador se despede dos gramados em jogo histórico entre amigos no Maracanã

Dezembro, tradicionalmente conhecido no calendário do futebol brasileiro pelas peladas comemorativas de baixo impacto esportivo, será marcado por um evento especial no Maracanã. Na tarde deste último domingo (15), o estádio foi palco de um emocionante jogo de celebração entre lendas do Flamengo e da Inter de Milão. A partida terá um significado ainda mais especial marcou oficialmente a aposentadoria de Adriano Imperador, que deixou os gramados há oito anos. 

Adriano, o ídolo dos dois clubes, vestiu a camisa de um time em cada tempo do jogo. Pelo rubro-negro, onde foi revelado para o futebol profissional, o atacante realizou 94 partidas e marcou 46 gols. Na Inter, foram 177 jogos e 74 bolas na rede.  Já a última vez que entrou em campo foi no dia 14 de maio de 2016, numa partida entre times dos Estados Unidos. O Imperador defendeu o Miami United contra o Las Vegas City, que tinha Ronaldinho Gaúcho como convidado. 

A partida foi planejada por Adriano para celebrar sua despedida oficial dos gramados.  No mês passado, o ex-jogador compartilhou um relato emocionante ao The Players Tribune, no qual “convidou” o leitor para um rolé de moto pelos cantos da Vila Cruzeiro, a favela da Zona Norte do Rio de Janeiro onde nasceu. No texto, Adriano revela os lugares onde gosta de parar e as atividades que costuma fazer ao revisitar suas origens, uma conexão que será simbolicamente renovada hoje, no Maracanã. 

“Eu faço o que eu quero. Quer vir, vem. É por isso que eu volto sempre. Aqui sou respeitado de verdade. Aqui está a minha história. Aqui eu aprendi o que é comunidade. A Vila Cruzeiro não é o melhor lugar do mundo. A Vila Cruzeiro é o meu lugar”, escreveu o ex-jogador, que também contou sobre a difícil adaptação à Europa, a saudade que sentia da família e o dia em que tomou uma garrafa inteira de vodca para esquecer a saudade dos parentes. 

No mês passado, Adriano também lançou o livro “Adriano — Meu Medo Maior” (Ed. Planeta), escrito pelo jornalista Ulisses Campos. A obra, com 509 páginas divididas em três blocos temáticos, oferece um olhar profundo sobre o ex-jogador, indo além de sua trajetória no futebol. Entre os temas abordados estão suas origens humildes, os desafios da carreira, as festas, o uso de álcool e cigarro, além das dificuldades em manter a forma física como atleta profissional. 

“Minha depressão tinha chegado a um nível que eu não gosto nem de lembrar. Nada mais funcionava. Uma coisa leva a outra, negão. Pra jogar bem, eu precisava de sequência, e eu não tive isso. Para não beber e não ir para a balada, eu tinha que estar com a cabeça no lugar. E sem jogar nem fazer gol era impossível. Tá entendendo o tamanho da cagada?”, descreve em um trecho do livro. Em diversos outros, se vê como perseguido da imprensa e deixa claro o incômodo com o tratamento recebido no Brasil e na Itália. 

Para a festa, diversos ídolos do passado e do presente do Flamengo estavam presentes. Zico, Romário e Diego Ribas representarão times históricos do clube.    

Por: Carolina Sepúlveda  

Foto: Thiago Ribeiro/AGIF