Mourão fala sobre tentativa de golpe: ‘Houve reuniões, mas não levaram a ação’

Em entrevista ao GLOBO, o senador e ex-vice-presidente da República, o general Hamilton Morão (Republicanos-RS), admitiu que uma ala das Forças Armadas tentou articular um golpe após a derrota de Jair Bolsonaro para Lula em 2022, mas ressaltou que o “Exército agiu dentro da legalidade”. Segundo ele, houve uma “conspiração Tabajara”. O relato ocorreu antes da prisão de seu colega de farda, o general Walter Braga Netto, ocorrida neste sábado (14).

Perguntado sobre o fracasso do golpe, Netto respondeu:

“O Exército se baliza por três vetores: trabalhando dentro da legalidade, usando legitimidade e mantendo a estabilidade do país. O Exército não pode ser fator de instabilidade. É óbvio que uma reversão de um processo eleitoral na base da força lançaria o país num caos. Então, o Exército agiu dentro desses vetores. Foi a atitude correta do (general) Freire Gomes (que se recusou a ceder a apelos golpistas), não há o que contestar.”

O militar defendeu que a tentativa não passava de conversa de WhatsApp.

“Mas é uma conspiração bem tabajara, conversas de WhatsApp. Em tese, houve reuniões, mas não levaram a nenhuma ação. Na linguagem militar, nós definimos como “ações táticas” tudo aquilo que há movimento. Não houve nada disso. Houve pensamento, não passou disso”, respondeu Mourão.

Questionado sobre ter conhecimento sobre das discussões sobre o possível assassinato das autoridades, Mourão afirmou que desconhecia “toda e qualquer conversa neste sentido”.

“Acho essas questões totalmente fora do contexto. Essa investigação da PF, que levou praticamente dois anos, é um escarafunchar de conversas de WhatsApp e de algumas mensagens de e-mails trocados. A gente nunca sabe o contexto em que isso foi efetivamente tratado. Os que estão em indiciados, me parece um grupo pequeno e que não tinha a mínima condição de executar aquilo que em tese estaria dito que eles iriam executar. E também me chama atenção a questão de que eles diziam “vamos ter armas, mas vamos matar por envenenamento”. Então pra que ter arma? São coisas surreais, na minha visão. Eu desconhecia toda e qualquer conversa neste sentido. Eu sabia que havia reuniões no Palácio da Alvorada depois do segundo turno, na época o presidente com os comandantes , o Braga Netto, mas desconheço os assuntos.”

Por: Ágatha Araújo

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil