Nove dias após paralisação para manutenção de Guandu, moradores continuam sem água

Apesar da manutenção do Sistema Guandu já ter sido concluída, moradores de diversas regiões da Cidade do Rio continuam sofrendo com a falta de abastecimento de água. Para garantir o banho e a limpeza da casa, moradores do Edifício Ariel, na Rua São Salvador, no Flamengo, tiveram que contratar quatro caminhões-pipa por R$ 9 mil no fim de semana. Com 48 apartamentos, o prédio tem moradores que vivem ali há mais de cinco décadas e que nunca tinham enfrentado um período tão longo de escassez.

“A água começou a ficar muito fraca, até que não tinha mais, mesmo o nosso prédio tendo uma cisterna grande. Fizemos racionamento, mas, no último fim de semana, compramos água porque aqui moram muitos idosos”, relatou a síndica Monica Reinach.

De acordo com a síndica, as reclamações passadas para a concessionária Águas do Rio não vêm surtindo efeito, já que ontem a água até “pingou” na cisterna, mas foi por pouco tempo.

“Ligamos no dia 26 e eles (a Águas do Rio) deram um prazo de até dia 2, o último domingo. Sem água, ligamos de novo, e o prazo foi estendido até hoje (ontem). Agora estenderam até o dia 10 para voltar ao normal. Continuamos economizando água porque até para comprar é ruim. Achar caminhão-pipa foi difícil, e, no único lugar que encontramos, a água não era confiável. O preço era alto, só aceitavam Pix ou dinheiro e não nos deram nota fiscal. Não usamos essa água para beber nem cozinhar.”

O Sistema Guandu, responsável pelo fornecimento de água de quase 90% dos bairros do Rio de Janeiro, passa pelo processo de manutenção anualmente e, para tal, os consumidores precisam se preparar para ficar de dois a três dias sem água. Porém, dessa vez, a normalização do abastecimento não aconteceu no prazo adequado.

Outra síndica insatisfeita com o desabastecimento é Simone Vasconcellos, que cuida do Edifício Chamonix, na Rua São Clemente, em Botafogo, na Zona Sul. Com o período de seca, ela precisou controlar o nível do reservatório do prédio, abrindo a água para os apartamentos apenas duas vezes por dia.

“Era a única solução porque chegamos a ficar com apenas um palmo de água na cisterna e na caixa d’água. Hoje (ontem) a água está sem cair novamente. E, quando cai, é muito fraca. Quando a gente telefona (para Águas do Rio), eles nem vêm ver. É um descaso total.”

A concessionária Águas do Rio, multada pelo Procon Carioca em R$ 13,6 milhões, informou que “todos os reparos realizados nas redes de abastecimento do município do Rio foram finalizados e que o sistema está normalizado”. Questionada sobre os problemas no Flamengo e em Botafogo, prometeu que “enviará equipes para checar pontualmente os endereços que forem informados à empresa”. Acrescentou que o fornecimento foi suspenso ontem devido à “paralisação na produção de água de uma série de represas motivada pelas chuvas, que causaram turbidez”.

Por: Ágatha Araújo

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