Caso Marielle: Promotores apresentam mais de 200 imagens impactantes do crime durante julgamento de Lessa e Queiroz
Na manhã desta quinta-feira (31), durante o segundo dia do julgamento dos assassinos confessos de Marielle Franco e Anderson Gomes, promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) entregaram aos sete jurados um kit contendo 207 páginas com fotos sensíveis do crime. O objetivo era apresentar provas do local do assassinato e dos corpos, evitando a exposição direta das vítimas a todos os presentes no tribunal.
O promotor de Justiça Eduardo Morais enfatizou que a apresentação das imagens visava demonstrar a gravidade do crime, ressaltando que a condenação não deve se basear apenas nas confissões dos réus.
Na sustentação oral, o promotor Fábio Vieira traçou um perfil dos jurados, que eram todos homens de meia idade e pele clara, após dispensar as mulheres. Eduardo Martins, outro promotor, pediu a condenação da dupla em todos os quesitos, afirmando que as delações foram motivadas pelo medo de serem descobertos e pela busca de redução de penas.
Martins criticou o pedido de perdão feito por Ronnie Lessa à família de Marielle, questionando a sinceridade do arrependimento.
“Que arrependimento é esse com algo em troca? Eles são réus colaboradores. Não vieram se arrepender, mas pediram algo em troca para falar o que falaram”, declarou.
Os promotores ressaltaram que, até a delação, os réus negavam qualquer envolvimento no crime. “Até outro dia, os dois estavam aqui negando todas as imputações. Então, que arrependimento é esse?”, questionou Martins. Ele também informou que, caso condenados, os ex-policiais militares terão que cumprir parte da pena em regime fechado, com um acordo que prevê até 30 anos de prisão.
O promotor Fábio Vieira, em sua fala, definiu o arrependimento dos réus como “uma farsa” e os classificou como sociopatas, ressaltando a falta de empatia e emoção.
“Eles não estão arrependidos, mas tristes por terem sido pegos. Isso só aconteceu quando as provas foram irrefutáveis”, afirmou.
Durante o depoimento de Lessa, o tribunal ficou impressionado com a frieza e a naturalidade com que ele relatou a execução do crime, detalhando os momentos que antecederam os disparos.
Por: Beatriz Queiroz
Foto: Divulgação/Reprodução g1