Indefinição fiscal e eleições nos EUA fazem dólar bater R$ 5,76, maior nível desde março de 2021
O dólar subiu nesta terça-feira (29) 0,92%, fechando a R$ 5,7610, maior nível desde março de 2021. O Ibovespa, por sua vez, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3, teve queda de 0,37%, a 130.729,93 pontos. Os motivos são a questão fiscal no Brasil e o impacto da economia e das eleições americanas, que pressionam os mercados emergentes, em especial da América Latina.
Na semana, o Ibovespa ainda avança 0,64%, cedendo 0,82% no mês e 2,58% no ano.
Enquanto aguarda a definição do governo sobre cortes de gastos no Brasil, tanto o dólar como a curva de juros doméstica se mantiveram em alta, refletindo também ambiente externo um pouco mais agitado.
A expectativa de que o republicano Donald Trump venha a sair vitorioso na próxima terça-feira (5), da eleição presidencial estadunidense, pode trazer consequências para o ritmo de redução de juros nos EUA, diante de uma possibilidade de um maior déficit e inflação na maior potência econômica do mundo, o que causaria num ritmo mais cauteloso de cortes pelo Federal Reserve, o banco central norte-americano.
”O mercado está se preparando para uma vitória de Trump. Eventual vitória dele deve resultar em fortalecimento do dólar, e também em inflação e juros americanos mais altos por mais tempo. Por sua vez, a democrata Kamala Harris, sem um Senado a seu favor, não conseguiria promover muitos ajustes”, afirmou Keone Kojin, economista da Valor Investimentos.
No Brasil, o foco é o corte de gastos do governo. Na tarde de terça-feira (29), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que voltará a se reunir na quarta-feira (30) com o presidente Lula, porém acrescentou não haver data definida para que o pacote de ajuste seja anunciado.
As declarações fizeram pouco para conter a pressão vista desde mais cedo especialmente no câmbio, porém também na curva de juros.
Haddad ainda disse que não há veto do presidente Lula às medidas. O ministro declarou que a equipe econômica tem feito as contas para “fazer uma coisa ajustadinha”.
”Ele (Lula) está pedindo informações e nós estamos fornecendo as informações que ele está pedindo”, afirmou Haddad.
O ministro reforçou que terá novas reuniões com o chefe do Executivo nesta semana, mas evitou cravar uma data para divulgação do pacote de gastos.
“Não tem uma data. Ele Lula que vai definir”, disse ele.
Haddad declarou ainda que a equipe econômica está fazendo as contas para apresentar um pacote de medidas ajustado ao presidente.
Créditos da imagem: Commons
Escrito por: Rafael Ajooz