Beijar cães pode aumentar chances de contaminação e potencialmente transmitir doenças para animais

Nada traz mais conforto do que chegar em casa e ser acolhido com alegria pelo seu cão, com pulos e “lambeijos”. No entanto, embora seja afetuoso, esse costume pode comprometer a saúde tanto dos tutores quanto dos próprios animais de estimação. Isso ocorre porque, quando recebemos lambidas de cães na pele, boca ou nos beijamos, corremos um grande risco de sermos infectados por bactérias presentes na saliva e na gengiva desses animais. 

Andrea Micke Moreno, professor do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo, esclarece que várias bactérias podem ser transmitidas de animais para humanos através de uma lambida. Estas bactérias se distinguem dos microrganismos presentes na boca humana devido à especificidade da microbiota de cada uma. Além da microbiota, que é naturalmente composta por uma variedade de espécies bacterianas, certos comportamentos dos animais podem elevar o perigo de contaminação. 

Moreno, que também é pesquisadora do Laboratório de Epidemiologia Molecular e Resistência a Antimicrobianos, afirma que o nível de perigo da infecção vai estar associado ao agente que causou a contaminação.  

Pasteurella multocida – bactéria comensal presente na boca de gatos e cachorros que, em humanos, pode causar inchaço dos gânglios linfáticos, infecções respiratórias e até meningite.  

Campylobacter jejuni – bactéria que pode causar inflamação do cólon, com febre, dor abdominal e diarreia sendo os sintomas mais comuns.

Capnocytophaga canimorsus – bactéria de difícil detecção em laboratório que pode provocar infecções de feridas, septicemia (infecção generalizada), pneumonia e até morte. 

 Staphylococcus aureus – bactéria resistente a alguns antibióticos que causa infecção cutânea e pode levar a infecções pulmonares. 

Além dos donos, os animais também podem contrair algumas doenças ao ter contato com a saliva e secreções humanas. Da mesma forma que acontece com as pessoas, os animais jovens e saudáveis tendem a não apresentar muitos problemas, mas há grupos de riscos também entre os pets. Para manter um convívio saudável com os pets não é necessário ficar distante, mas é preciso sempre estar atento à limpeza, tanto do ambiente quando do próprio animal. 

Por: Carolina Sepúlveda  

Foto: reprodução