STF inicia interrogatórios com réus no caso Marielle Franco e Anderson Gomes

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta segunda-feira (21) os interrogatórios no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes. O deputado federal Chiquinho Brazão foi o primeiro a depor, em uma sessão realizada por videoconferência, que será a primeira de cinco programadas para esta semana. A expectativa é que os interrogatórios ocorram diariamente, das 13h às 19h, com encerramento na sexta-feira (25).

Comovido, Chiquinho falou por cerca de 10 minutos sobre sua história de vida e seus irmãos. O desembargador Ayrton Vieira, que conduz a audiência, explicou que Chiquinho teria a liberdade de expor sua versão dos fatos antes de responder perguntas da acusação, de sua defesa e de outros réus envolvidos no caso.

Os próximos interrogatórios estão agendados da seguinte forma:
Terça-feira (22): Domingos Brazão
Quarta-feira (23): Robson Peixe
Quinta-feira (24): delegado Rivaldo Barbosa
Sexta-feira (25): Major Ronald

Esse processo é a continuidade de um procedimento que começou em 12 de agosto, com o depoimento de Fernanda Chaves, assessora de Marielle, que estava no carro no momento do crime. Fernanda relatou que Marielle a protegeu, servindo como escudo durante os disparos:

“Não fui atingida porque Marielle foi meu escudo. Simplesmente, essa é uma leitura que eu faço. Eu estava muito próxima da Marielle, a gente estava olhando um celular da outra. A Marielle é uma mulher grande, alta, larga, grande. E no primeiro momento, eu me enrolei, me enrolei em um caracol e me afundei entre meu banco e o banco do Anderson”

A assessora também mencionou um desentendimento entre Marielle e Chiquinho, afirmando que a defesa da moradia era uma de suas bandeiras. Seu relato foi corroborado por depoimentos de outros agentes federais, que relataram a existência de uma rede de corrupção na Polícia Civil do Rio de Janeiro, especialmente na Delegacia de Homicídios, durante a gestão do delegado Rivaldo Barbosa.

Os depoimentos também levantaram questões sobre a inércia em resolver crimes relacionados a milicianos, como as mortes de Edmílson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, e outros personagens que foram citados, mas já morreram. Macalé, que Lessa afirma ter sido o responsável por trazer o “serviço” de matar Marielle, foi assassinado em 2021, e sua morte permanece sem solução.

A conexão entre Macalé, Chiquinho e Ronnie Lessa é examinada, com a Polícia Federal mostrando que eles já se conheciam desde 2000. Além disso, as relações entre outros membros do Escritório do Crime e a suposta cumplicidade da polícia no período em que Rivaldo Barbosa estava à frente da delegacia foram temas centrais nas audiências.

“Quando assumimos o caso Marielle chamou a atenção uma série de perguntas que não haviam sido respondidas passada meia década do crime. Você vai ver e havia uma taxa irrisória de elucidação de homicídios durante essa administração”, declarou o delegado federal Guilhermo Catramby.

Por: Beatriz Queiroz
Foto: Reprodução