Mais de 1,6 milhão de menores estão em situação de trabalho infantil no Brasil, diz IBGE

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta sexta-feira (18), os dados mais recentes sobre o trabalho infantil no Brasil. Em 2023, mais de 1,6 milhão de crianças e adolescentes, entre 5 e 17 anos, estavam em situação de trabalho infantil, representando uma queda de 14,6% em relação ao ano anterior, quando esse número ultrapassava 1,8 milhão.

Os dados integram a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) e indicam que o número registrado no último ano é o menor desde o início da série histórica, em 2016. A tendência de redução, que havia sido interrompida em 2022, foi retomada em 2023. O índice de trabalho infantil, que atingiu 4,9% da população nessa faixa etária em 2022, caiu para 4,2% no ano passado.

O levantamento também destaca as disparidades regionais. Em números absolutos, o Nordeste lidera com 506 mil casos, seguido pelo Sudeste (478 mil) e pelo Norte (285 mil). Em termos proporcionais, o Norte registra a maior taxa, com 6,9%, seguido pelo Centro-Oeste (4,6%) e pelo Nordeste (4,5%).

Entre os trabalhadores infantis, 20,6% chegam a cumprir jornadas de 40 horas ou mais por semana. Além disso, a maioria dos casos envolve crianças e adolescentes pretos e pardos, que representam 65,2% dos menores em situação de trabalho infantil, percentual superior à sua representatividade na população dessa faixa etária, que é de 59,3%.

A pesquisa também revela o impacto do trabalho infantil na educação. Enquanto 97,5% das pessoas de 5 a 17 anos estavam na escola em 2023, esse índice cai para 88,4% entre os que trabalham. Quanto às atividades desenvolvidas, 48% dos menores estavam no comércio, 26,7% na reparação de veículos, e 21,6% no setor agropecuário e de pesca.

Por: Beatriz Queiroz
Foto: Reprodução