Estudo coloca Brasil como 8º maior poluidor de plástico do mundo
Um estudo da ONG Oceana, divulgado nesta quinta-feira (17), coloca o Brasil entre os dez países que mais poluem os oceanos com plástico. O país ocupa a 8ª posição no ranking global, despejando cerca de 1,3 milhão de toneladas de plástico anualmente nos mares.
A poluição plástica já provoca sérios danos à fauna marinha e à saúde pública. De acordo com o levantamento, 200 espécies de animais marinhos no Brasil, incluindo peixes da Amazônia, ingeriram fragmentos plásticos. Em 98% dos peixes analisados na região, o material foi encontrado no intestino e nas brânquias. Entre as tartarugas-verdes, 70% apresentavam plástico no organismo.
Os pesquisadores explicam que a ingestão de plástico leva a problemas graves para a saúde dos animais, como desnutrição, queda na imunidade e, em muitos casos, a morte. Entre as tartarugas, cada grama de plástico ingerido eleva em 450% o risco de definhamento.
Além dos efeitos sobre os animais, a pesquisa também aponta que o microplástico já está inserido na dieta humana. Ele foi encontrado em 9 das 10 espécies de peixes mais consumidas globalmente, tornando-se uma preocupação de saúde pública.
Mesmo sendo o maior produtor de plástico da América Latina, o Brasil ainda não conta com uma legislação específica para regular a produção desse material, principalmente em relação aos descartáveis. A ONG Oceana destaca a importância do Projeto de Lei 2524/2022, que propõe a implementação de uma Economia Circular do Plástico. O PL está parado na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado desde 2023.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), cerca de 460 milhões de toneladas de plástico são produzidas anualmente no mundo, com um terço desse total formado por embalagens descartáveis. A projeção é que essa produção triplique até 2050, caso medidas de controle não sejam implementadas.
Frente a esse cenário, o Pnuma está promovendo o Tratado Global Contra a Poluição Plástica, cuja última rodada de negociações ocorrerá em novembro deste ano, na Coreia do Sul, com a participação de 198 países. A entidade alerta para o impacto permanente dos plásticos no meio ambiente, mencionando inclusive o surgimento da chamada “plastisfera”, um novo habitat marinho gerado pela presença de microplásticos.
Por: Beatriz Queiroz
Foto: Naja Bertolt Jensen/Unsplash