Brasil registra 77,3 mil incêndios em setembro, sendo país com maior número de queimadas do mundo

O Brasil lidera o ranking global de focos de incêndio em setembro, com 77,3 mil registros entre os dias 1º e 25, correspondendo a 31% do total mundial, conforme dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A média é alarmante, com cerca de 3 mil incêndios por dia no país. As queimadas deste mês já superaram os números de agosto, tornando-se o período com mais focos de incêndio do ano.

A Amazônia é a região mais afetada, concentrando 50% das áreas atingidas. Mato Grosso lidera entre os estados com 18,8 mil focos, seguido pelo Pará (16,6 mil) e Tocantins (6,5 mil). O município de São Félix do Xingu, no Pará, destaca-se como o mais atingido, com 39,3 mil incêndios registrados.

Em resposta à crise, o presidente Lula assinou uma medida provisória que libera R$ 514 milhões para o combate a incêndios, com foco especial na Amazônia. Os recursos serão destinados ao Ministério do Meio Ambiente, com o apoio do Ibama e do ICMBio, para fortalecer o monitoramento e a contratação de brigadistas, além do uso de viaturas e aeronaves.

A Polícia Federal já instaurou 85 inquéritos para investigar possíveis crimes ambientais relacionados aos incêndios. Durante uma sessão no Senado, Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama, enfatizou a necessidade de endurecer as pensa para crimes ambientais, criticando a legislação atual que classifica tais crimes como de menor potencial ofensivo.

Agostinho ressaltou que a legislação vigente, como o Código Penal de 1940, não protege adequadamente o meio ambiente, permitindo transações que favorecem os infratores. Ele também apontou a importância de o Brasil investir em tecnologia e expandir a estrutura de combate a incêndios florestais.

Alertando sobre a natureza predominantemente humana dos incêndios, Agostinho mencionou que muitos são causados por práticas irresponsáveis, como o uso do fogo para abrir novas áreas de cultivo, especialmente em regiões como o sul da Amazônia e o Matopiba. Ele observou que a proporção de incêndios em florestas dentro do bioma amazônico aumentou de 12% a 15% para 35%, evidenciando uma tendência preocupante em direção à degradação florestal.

Por: Beatriz Queiroz
Foto: Arquivo OnBus