Tarifa Zero: proposta que anula valor de passagem avança entre candidatos da direita

De acordo com um levantamento realizado pelo Centro de Estudos de Opinião Pública da Universidade Estadual de Campinas (Cesop/Unicamp) em parceira com o Laboratório de Estudos Eleitorais, de Comunicação Política e Opinião Pública da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Doxa/Uerj), cerca de 675 programas de governo de candidatos às Prefeituras nas eleições de 2024 citam a ‘promessa’ da “tarifa zero”. Essa crescente ocorre dez anos depois do Movimento Passe Livre (MPL), manifesto contra o aumento da passagem de ônibus em 2013.

A política de tarifa zero no transporte público tem ganhado destaque nas eleições municipais, refletindo seu avanço em diversas cidades brasileiras. Até setembro de 2024, 136 municípios já haviam adotado essa prática, segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Em 116 dessas cidades, a gratuidade é aplicada a todas as linhas, todos os dias da semana, enquanto em outras 20, a isenção se limita a dias específicos ou linhas e bairros determinados.

Esse crescimento se deu com a pandemia, quando o número de cidades com passe livre mais que triplicou, passando de 42 em 2020 para 136 em 2024, com ao menos seis capitais já adotando a medida de forma parcial, como Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC), Maceió (AL), Palmas (TO), São Luís (MA) e São Paulo (SP).

De acordo com a pesquisadora Nara Salles, a proposta de zerar as passagens era tradicionalmente de esquerda. “Nas eleições de 2016 e 2020, PSOL, PT e PSTU capitalizavam o maior número dessas propostas no Brasil, representando mais de 50% do total“, afirma. Agora, a coordenadora do projeto Vota Aí observou que ao longo dos anos a proposta migrou para os candidatos do PL, MDB, PSD e outros.

Por: Ágatha Araújo

Foto: reprodução