Bets e jogos de azar são apontados como motivo de divórcio: ‘Meu marido vendeu nossa casa’
Num relato à BBC News, um homem chamado Felipe* (o nome verdadeiro está sob sigilo) contou que se sente inseguro de contar à ex-companheira que tem vício em apostas. Ela o deixou há 6 meses, depois de um relacionamento de 12 anos, junto com o filho de 10 anos do casal. Ao veículo, Felipe contou que perdeu R$ 40 mil reais em jogos de azar e que isso arruinou sua relação familiar.
“A mente de um jogador fica obscura. Eu não conseguia mais desempenhar meu papel em casa, meu papel como pai. Não brincava mais com meu filho e parei de conversar direito com ela.”
A história de Felipe é como a de muitas outras pessoas que se sentem influenciadas a jogar até perderem tudo, conforme diz advogada Audrey Cardoso Scattolin, da cidade de Americana, no interior de São Paulo.
Entre os relatos, chamam atenção os que falam das consequências do vício nos relacionamentos amorosos:
“Meu esposo está extremamente viciado e tá difícil para mim conviver com ele. Só ontem foi 3 mil para o ralo. Há 3 anos ele não consegue parar. Tô quase terminando com ele. Já fiz de tudo, conversei, ameacei terminar, ofereci tratamento. Mas ele não muda.”
“Meu bem, o meu [marido] me deixou por muito menos que isso. O jogo me destruiu, hoje tô pagando por isso.”
“Perdi 1400 do meu marido, estou criando coragem pra contar pra ele hoje. Mas ele não vai me perdoar.”
A advogada se questiona sobre o impacto e a presença desses jogos de azar no Brasil: “Há quanto tempo as bets estão no Brasil de uma forma mais intensificada? Dois, três anos. Quais serão, a médio ou a longo prazo, as consequências disso para as relações familiares, pessoais e interpessoais? Não sabemos“.
Para a especialista, as consequências são imprevisíveis porque a possibilidade de jogar num aparelho móvel facilita a origem de vício.
Por: Ágatha Araújo
Foto: Wikipedia