Banco Central diz que juros do cartão de crédito disparam e atingem novo pico do ano

Nesta quinta-feira (29), foram divulgadas pelo Banco Central, notas da Estatísticas Monetárias e de Crédito onde informam que a taxa média de juros do rotativo do cartão de crédito registrou um aumento de 3,6 pontos percentuais em julho, alcançando 432,3% ao ano.

Em outras palavras, uma dívida inicial de R$ 800 no cartão de crédito pode se transformar em uma dívida total de R$ 4.258,40 em apenas um ano, se não for quitada.

No final do ano passado, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu um teto de 100% para os juros do rotativo do cartão de crédito, em cumprimento a uma nova lei aprovada pelo Congresso Nacional.

Essa nova regra passou a valer a partir de janeiro deste ano e se aplica a todas as dívidas contraídas no cartão de crédito a partir dessa data. Por exemplo, se você tiver uma dívida de R$ 200, o valor total, incluindo juros e encargos, não pode ultrapassar R$ 400.

Embora os dados do Banco Central indiquem taxas de juros acima do limite estabelecido pela lei, essa informação não significa necessariamente que os bancos estejam descumprindo a norma. O BC calcula essas taxas projetando os valores mensais para um ano inteiro.

Na prática, o consumidor costuma quitar a dívida do cartão em um prazo menor do que um ano, fazendo com que a taxa anual calculada pelo Banco Central seja, muitas vezes, superior à taxa efetivamente paga.

De acordo com Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, a série histórica em questão é indispensável para avaliar a velocidade com que as taxas de juros aumentam ou diminuem, além de ser um dos elementos utilizados para calcular a taxa média cobrada no sistema financeiro.

O cheque especial, conhecido por suas altas taxas de juros, teve uma leve desaceleração em julho. A taxa média anual caiu para 127,8%, mas continua sendo uma das mais caras do mercado. Por exemplo, uma dívida de R$ 800 nesse tipo de crédito pode dobrar em um ano, chegando a R$ 1.822,40.

Diante das altas taxas de juros do cheque especial e do cartão de crédito, o empréstimo consignado se destaca como uma alternativa mais vantajosa. Com desconto direto na folha de pagamento e taxas fixas em 23,2% ao ano há três meses, essa modalidade oferece diferentes condições para cada público. Beneficiários do INSS encontram as menores taxas, de 21,4% ao ano, enquanto servidores públicos pagam 22,9% e trabalhadores do setor privado, 38,6% ao ano.

Por: Beatriz Queiroz
Foto: Arquivo OnBus