Eleições: candidaturas com identidade religiosa sobem 225% em 24 anos

De acordo com uma pesquisa inédita idealizada pelo Instituto de Pesquisa e Reputação de Imagem (IPRI), o número de candidatos a vereador e prefeito que usam de forma explícita uma identidade religiosa em seus nomes de campanha cresceu cerca de 225% ao longo de 24 anos. O estudo compreende o intervalo entre 2000 a 2024.

Nos anos 2000, o número de candidaturas com identidade religiosa foi de 2.215, em termos absolutos. Já em 2024, chegou a 7.206 (+225%). Para alcançar esses números, o órgão analisou os nomes de todos os candidatos e candidatas ao longo dos pleitos, aplicando filtros de religiões evangélicas, católicas e de matriz africana para identificar os vínculos diretos com as candidaturas.

As palavras predominantes nas propagandas eleitorais desses grupos são: pai, mãe, pastor, pastora, missionário, missionária, bispo, bispa, apóstolo, apóstola, reverendo, irmão, irmã, padre, babalorixá, ialorixá, ministro, ministra, ogum, exú, iansã, iemanjá, obaluaê, oxalá, omulu, oxóssi, oxum, oxumaré e xangô.

Os candidatos que lideram o volume de registros eleitorais são evangélicos. Nas eleições deste ano, os termos mais recorrentes são: pastor (2.856), irmão (1.777), pastora (862), irmã (835) e missionária (247). Juntos, eles somam 6.557 candidaturas, o que dá mais de 91% do total de candidaturas identificadas com alguma religião.

Os dados deste levantamento demonstram um forte aumento do apelo da religião na política. Ao longo do tempo, o número de candidatos que adotam denominações religiosas no nome que vai na urna cresceu muito mais do que o volume total de candidatos nas eleições municipais“, afirma Marcelo Tokarski, sócio-diretor do Instituto de Pesquisa e Reputação de Imagem (IPRI)

Porém, Marcelo pondera que isso não significa necessariamente a garantia de eleição, “porque isso depende, entre outras coisas, da atuação dos partidos e da distribuição de recursos de campanha”.

Por: Ágatha Araújo

Foto: reprodução