Estudo revela impacto no intestino e sistema imunológico devido ao estresse

No último dia 8, um novo estudo publicado na revista Cell descobriu que o estresse pode afetar diretamente o intestino e comprometer o sistema imunológico.

A pesquisa, liderada por cientistas do Instituto Max Planck, desvendou que, sob pressão, o cérebro libera hormônios que provocam inflamações no intestino, podendo levar a doenças como a colite ulcerativa. Essa descoberta confirma a existência de um tipo de comunicação entre o cérebro e as bactérias intestinais, que já vinha sendo investigada por outros estudos.

Os pesquisadores analisaram o papel das glândulas de Brunner, estruturas localizadas no intestino delgado. Essas glândulas contêm uma grande quantidade de neurônios que se conectam diretamente à amígdala, região do cérebro responsável pelas emoções e pela resposta ao estresse.

A equipe descobriu a partir de experimentos com camundongos que a remoção das glândulas de Brunner enfraqueceu o sistema imunológico dos animais, fazendo com que os animais se tornassem mais vulneráveis a infecções. Além disso, os pesquisadores observaram um aumento nos marcadores de inflamação, indicando uma resposta imunológica acentuada.

Os resultados da pesquisa também foram confirmados em humanos. Pessoas que tiveram tumores removidos da região das glândulas de Brunner apresentaram níveis mais elevados de glóbulos brancos, um sinal de inflamação crônica no organismo.

Essa descoberta abre novas perspectivas para o tratamento de doenças inflamatórias intestinais e outras condições relacionadas ao estresse crônico. Ao entender como o cérebro e o intestino se comunicam, os cientistas podem desenvolver terapias mais eficazes para modular a resposta imune e aliviar os sintomas dessas doenças.

Os pesquisadores planejam aprofundar os estudos para entender melhor os mecanismos moleculares envolvidos nessa comunicação e identificar novas terapias para doenças inflamatórias.

Por: Beatriz Queiroz

Foto: Arquivo OnBus