Bet: apostas esportivas comprometem orçamento familiar dos mais pobres

De acordo com um estudo realizado pela empresa PwC Strategy& do Brasil Consultoria Empresarial Ltda, os gastos com apostas esportivas em plataformas online, as bets, está comprometendo o orçamento das famílias das classes D e E. Essas despesas já superam tipos de despesas discricionárias, como lazer, cultura e produtos pessoais, e até mesmo o orçamento destinado à alimentação.

Segundo o economista Gerson Charchat, “as apostas esportivas cresceram de forma expressiva e se tornaram uma fonte de gastos significativa, especialmente entre os jovens dos estratos sociais de menor poder aquisitivo”. A análise da empresa assinala que a percepção da população de dificuldades financeiras cresceu cinco pontos percentuais entre 2022 e 2024. Atualmente um quinto dos brasileiros dizem enfrentar dificuldades para pagar as suas contas todos os meses, ou não conseguem pagá-las na maioria das vezes.

Em 2018, as apostas representavam 0,27% do orçamento familiar da classe D e E; hoje, esse percentual saltou para 1,98%, quase quatro vezes mais do que há cinco anos. Por outro lado, os gastos com lazer e cultura diminuíram de 1,7% para 1,5% do orçamento, enquanto os gastos com alimentação se mantiveram estáveis”, conta Charchat ao veículo Agência Brasil.

De acordo com a economista Ione Amorim, a situação socioeconômica de algumas famílias leva ao endividamento para garantir a sobrevivência, e as apostas se tornam um risco atrativo para, ocasionalmente, obter recursos e quitar compromissos. Ela diz: “O ganho fácil vai levar a pessoa a um ambiente onde pode haver perdas significativas”.

Por: Ágatha Araújo

Foto: reprodução