Coreia do Norte encaminha centenas de lançadores de mísseis à fronteira com o Sul aumentando tensão com país vizinho
O líder norte-coreano Kim Jong-un coordenou a entrega de 250 novos lançadores de mísseis balísticos táticos às tropas da linha de frente, segundo a mídia estatal KCNA nesta segunda-feira (5). Seul afirmou que o armamento poderia ser utilizado para ameaçar a Coreia do Sul.
Os lançadores foram descritos pela mídia estatal como uma moderna arma de ataque tático projetada pessoalmente por Kim e pronta para ser transferida para unidades do Exército Popular Coreano na fronteira com o Sul.
A Coreia do Norte disse que testou um novo míssil balístico tático no mês passado.
“Acreditamos que (os lançadores de mísseis) se destinam a ser usados de diversas maneiras, como para atacar ou ameaçar a Coreia do Sul”, disse Lee Sung-joon, porta-voz do Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul, em entrevista coletiva, observando a implantação perto do fronteira significaria que o alcance não era longo.
Fotos divulgadas pela KCNA apresentaram fileiras de lançadores alinhados ao lado de faixas vermelhas que clamavam pela vitória sob holofotes no evento realizado à noite e com a presença de Kim.
Num discurso, Kim culpou os Estados Unidos pela criação de um “bloco militar de base nuclear” que “obrigou” o seu país a fortalecer ainda mais as capacidades militares. Um porta-voz do ministério da unificação de Seul, responsável pelos assuntos intercoreanos, afirmou que os programas nucleares e de mísseis ilegais da Coreia do Norte eram a principal ameaça à paz e à estabilidade na península coreana.
Cha Du Hyeogn, investigador principal do Instituto Asan de Estudos Políticos, afirmou que Pyongyang queria mostrar que tinha capacidade para atacar o seu vizinho.
“A Coreia do Sul fala sobre o compromisso alargado de dissuasão nuclear dos EUA ou sobre o seu sistema de dissuasão tripartido e a Coreia do Norte está mostrando que procura ter a capacidade de atacar que não pode ser gerida por tais (sistemas)”, disse Cha.
A retórica cada vez mais intensa do Norte possivelmente também tinha como objetivo a eleição presidencial dos EUA, disse Cha, provavelmente preparando o terreno para negociações se o ex-presidente Donald Trump retornar ao poder da maior economia do mundo. No mandato de Trump, Kim e ele realizaram uma série de reuniões sem precedentes antes de uma Cúpula no Vietnã em 2019 fracassar em razão das sanções.
Segundo Koh Yu-hwan, professor emérito de Estudos Norte-Coreanos na Universidade Dongguk, apesar do país asiático ter intensificado a retórica, não conseguiu provocar provocações estratégicas.
“A Coreia do Sul e os EUA vão realizar um grande exercício militar em agosto… (A Coreia do Norte) está fazendo estas observações como resposta a tais exercícios militares”, explicou Koh.
Seul e Washington realizam seus exercícios militares anuais conjuntos em agosto, conhecidos como Ulchi Freedom Shield. A Coreia do Norte, por sua vez, critica os exercícios conjuntos entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul como um ensaio para uma eventual invasão.
“Pyongyang terá melhorado a prontidão nuclear num futuro próximo para diluir ameaças nucleares e proteger-se”, afirmou Kim no discurso às tropas e aos cientistas militares.
A filha de Kim, Kim Ju Ae, esteve presente no evento, segundo fotos da KCNA, realizando sua primeira aparição pública em quase três meses. Os legisladores sul-coreanos disseram no mês passado que ela estava sendo treinada para se tornar a próxima líder.
Os meios de comunicação estatais da Coreia do Norte falaram sobre as suas atividades públicas, porém não sobre o seu futuro político.
Créditos da imagem: Divulgação/Commons
Escrito por: Rafael Ajooz