Presidente do Solidariedade, Eurípedes Jr., é considerado foragido e integra Lista Vermelha da Interpol

Eurípedes Gomes de Macedo Júnior, presidente do Solidariedade, está foragido da Justiça desde a manhã desta quarta-feira (12) e foi incluído na lista vermelha de procurados da Interpol. Apontado pela Polícia Federal (PF) como “líder de uma organização criminosa” que desviou pelo menos R$ 36,1 milhões dos cofres do PROS, seu antigo partido, ele deve ser denunciado nas próximas semanas.

O inquérito da PF, iniciado em 2022, revela que em março daquele ano, quatro dias antes de ser destituído pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal do cargo de presidente do PROS (legenda que se fundiu ao Solidariedade), Eurípedes Jr. realizou um “desmonte” no parque gráfico do partido, em Planaltina (DF).

Eurípedes Jr., conhecido por ordenar a retirada dos bens de valor da gráfica, é alvo de uma das sete ordens de prisão da Operação Fundo Poço, deflagrada ontem. Laudos indicam que o desmonte resultou em um prejuízo de R$ 15 milhões.

“Ora, apurou-se que Eurípedes Gomes foi quem determinou tal desmonte. Segundo os elementos de prova trazidos pela PF, há imagens realizadas no local e notícias publicadas em jornais de grande circulação, evidenciando caminhões retirando o maquinário pertencente ao partido”, registra o juiz titular da 1ª Zona Eleitoral do DF, Lizandro Garcia Gomes Filho.

A PF destacou que as despesas para a retirada dos bens, no valor de R$ 170 mil, foram custeadas pelo fundo partidário. As investigações, iniciadas após a destituição de Eurípedes e uma queixa-crime feita pela nova direção do partido, revelaram uma venda de equipamentos da gráfica por R$ 401,5 mil, mas uma nota fiscal mostrou o valor de venda equivalente a R$ 868,5 mil. A avaliação dos equipamentos, no entanto, ultrapassa R$ 15 milhões.

Além das máquinas do parque gráfico, foram retirados da sede do PROS cerca de dez veículos, um helicóptero, aparelhos de ar-condicionado, computadores, sistema de energia solar e diversos móveis, todos bens pertencentes ao partido. A aeronave, um Robinson Helicopter R66, avaliada em R$ 3,5 milhões, foi apreendida na operação.

Todo o patrimônio da legenda é constituído pelo fundo partidário. O atual presidente do Solidariedade e outras pessoas são acusados de apropriação indébita, organização criminosa e apropriação indébita eleitoral.

As investigações mostram que Eurípedes Gomes envolveu a família, amigos, vereadores, candidatos laranjas, advogados e funcionários do partido no esquema de desvios de recursos e bens do PROS. Além do desmonte da gráfica, foram desviados recursos do partido com pelo menos cinco candidaturas laranjas. A PF categorizou os alvos da organização criminosa em quatro núcleos: núcleo central (núcleo duro), núcleo de laranjas, núcleo de advogados e núcleo de candidaturas laranjas.

Segundo a PF, Eurípedes “gere o partido político como um bem particular, auferindo enriquecimento ilícito pessoal e familiar por meio do desvio e apropriação dos recursos públicos destinados à atividade político-partidária”.

 

Foto: PROS