Ativistas criticam proibição do véu islâmico para atletas da França durante Jogos Olímpicos

Em setembro de 2023, Amélie Oudéa-Castéra, ministra de esportes da França, determinou que as desportistas e integrantes das comissões técnicas do país estão proibidas de usarem símbolos religiosos durante os Jogos Olímpicos de 2024, o que inclui a proibição do véu islâmico, ou Hijab, para as atletas do país-sede. Em resposta, ativistas da Aliança Sport & Rights – cujos parceiros incluem a Human Rights Watch e a Anistia Internacional – enviaram uma carta ao COI, pedindo o fim dessa proibição que deixa os atletas muçulmanos “excluídos e humilhados”, segundo a frente.

A carta ao Comitê Olímpico Internacional (COI) contém data de 24 de maio, porém foi mostrada à imprensa somente nesta terça-feira. Faltando menos de dois meses para os Jogos Olímpicos em Paris, o grupo de direitos humanos procurou o órgão olímpico para solicitar às autoridades desportivas da França para anularem as proibições aos atletas de usarem o hijab no esporte francês. O COI anunciou que as restrições da França não se aplicariam a atletas de outras nações.

“As proibições de hijab nos esportes resultaram em muitos atletas muçulmanos sendo discriminados, invisíveis, excluídos e humilhados, causando trauma e isolamento social – alguns saíram ou estão considerando deixar o país para procurar oportunidades de jogo em outro lugar”, pontuou a carta dos ativistas.

“Portanto, apelamos ao COI, como líder do movimento olímpico, que use sua alavancagem considerável antes de Paris 2024 para chamar publicamente as autoridades esportivas francesas para derrubar todas as proibições de atletas que usam o hijab na França, em todos os níveis do esporte”, acrescentou.

Na terça-feira (11), durante uma conferência de imprensa organizada por grupos de direitos humanos, a jogadora de basquete de origem muçulmana da França Diaba Konate solicitou ao país europeu que anule as proibições aos muçulmanos de usarem lenço na cabeça nas provas. Ela ainda ressaltou que tinha expectativas de representar seu país nos Jogos olímpicos de Paris, porém não teve oportunidade porque utiliza o Hijab.

“Apesar do meu desejo e habilidades, não estou realmente autorizado a jogar pela França por causa de políticas discriminatórias. É muito frustrante ser excluído da representação do meu país simplesmente por causa da minha identidade religiosa. Acredito firmemente que o esporte deve ser inclusivo”, disse a atleta, que jogou na seleção juvenil da França e tem carreira no basquete universitário nos Estados Unidos.

Logo depois da proibição, a ONU condenou a determinação e ressaltou sua oposição à imposição sobre o que mulheres devem ou não vestir.

“Em geral, o gabinete do alto comissariado para os direitos humanos acredita que ninguém deve ditar a uma mulher o que ela deve ou não vestir”, declarou a porta-voz do ACNUDH, Marta Hurtado, em resposta a uma pergunta sobre na conferência de imprensa regular da ONU em Genebra.

Créditos da imagem: Divulgação

Escrito por: Rafael Ajooz