Após fala de Lula sobre situação fiscal, Dólar supera R$ 5,40

O dólar avançou no mercado brasileiro, divergindo da tendência global, após declarações do Lula sobre a situação fiscal do país durante um evento no Rio de Janeiro. O presidente mencionou que o aumento da arrecadação e a redução da taxa de juros possibilitariam alcançar a meta de déficit sem comprometer os investimentos.

Como resultado, o dólar, que estava em queda após a divulgação de dados de inflação nos EUA abaixo das expectativas, reverteu sua trajetória e subiu, atingindo R$ 5,42 na máxima do dia. O índice Ibovespa, que estava em alta, passou a cair, alcançando sua mínima do ano, abaixo de 120 mil pontos.

“Estamos arrumando a casa e colocando as contas públicas em ordem para segurar o equilíbrio fiscal. Aumento da arrecadação e queda da taxa de juros permitirão alcançar a redução do déficit sem comprometer os investimentos” – disse o presidente.

Além disso, a decisão do Senado de devolver parte da Medida Provisória ao Executivo também afetou o humor do mercado. Essa MP visava limitar o uso de créditos tributários para compensar pagamentos de impostos, com o objetivo de aumentar a arrecadação. No entanto, a má recepção da medida, especialmente entre empresários, levou o presidente do Senado a devolvê-la, sendo vista pelo mercado como uma derrota para o ministro da Fazenda.

Lula, em seu discurso durante o FII Priority Summit, destacou a necessidade de redução da pobreza e afirmou que a reforma tributária contribuirá para diminuir as desigualdades sociais. Ele enfatizou a importância dos investimentos sociais e a interligação entre estabilidade política, social e econômica.

A declaração de Lula ocorreu no dia em que o Federal Reserve decidiria sobre a taxa de juros dos EUA. Apesar das expectativas de manutenção, dados de inflação abaixo das projeções sugerem possível desaceleração da economia americana, abrindo espaço para cortes de juros. Essa decisão impacta os juros no Brasil e a cotação do dólar, pois reduzindo a diferença entre as taxas de juros dos dois países, tende a aumentar o dólar no mercado brasileiro. O diferencial de juros vem diminuindo, impulsionando a taxa de câmbio nacional.

Por Carlos Palermo

Foto: reprodução