#Crítica: ‘Homem-Aranha: Através do Aranhaverso’ é um exemplo de sequência para qualquer tipo de produção
Por Carlos Gabriel Tolêdo
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso é uma continuação direta ao filme de 2018. A sequência se passa 1 ano e 4 meses após os acontecimentos de ‘Homem-Aranha No Aranhaverso’. Mostra Miles já com 15 anos sendo um herói muito ativo e confiante, mas com a vida pessoal bem conturbada, já que precisa salvar a cidade e ao mesmo tempo cuidar da vida pessoal e acadêmica. A trama se desenvolve a partir de um novo vilão que diz fazer parte do passado de Miles e que ajudou a cria-lo.
O longa pega tudo que deu certo no primeiro filme, multiplica por 50 e subtrai os erros, a continuação do filme de 2018 é o resultado dessa equação. O filme é tão emocionante e envolvente que só fui relembrar que a história vai ser dividida em duas partes, nos ofegantes minutos finais.
Visualmente falando, o filme é impecável. Cada frame é um poster mais belo que o outro. As duas sequências que mais me chamaram a atenção foi a primeira, com a Gwen, Miguel O’Hara e Jessica Drew, e outra um pouco mais a frente envolvendo Miles, Gwen e mais duas outras versões do cabeça de teia.
Falando mais especificamente dos primeiros minutos de filme, a dimensão da Gwen é deslumbrante, com o fundo tendo uma aparência de pintura de verdade, como aquarela que muda de cor de acordo com o humor da personagem. Essa sequência foca exclusivamente na Gwen e em como sua vida está após os acontecimentos do primeiro filme e até me fez pensar que ela poderia ser a personagem principal do longa.
Uma das coisas pelas quais o filme de 2018 é reconhecido, é a inovação na animação, e a sequência de 2023 não foca muito nisso. O que para muitos, pode ser um ponto negativo e até crucial para decidir se gostou ou não. Algo parecido aconteceu, também em 2018, mas no mundo dos games, com o lançamento de Red Dead Redemption 2 e God of War. Muitos fãs diziam que o Red Dead era “somente” uma versão mais densa do primeiro. Uma obra de arte, sem dúvidas, mas que inovava muito pouco. Já com GoW, dos jogos anteriores, o de 2018 só tinha o nome e o protagonista de semelhante. O que para muitos, inclusive eu, foi fator crucial para God of War vencer o The Game Awards como jogo do ano.
‘Homem-Aranha: Através do Aranhaverso’ se preocupa bem mais em expandir tudo do primeiro filme, do que em inovar, seja na duração, qualidade de animação e até na quantidade de versões de “Homens-Aranha” mostradas em tela, sendo mais de 260 variantes, com um estilo de animação diferente para cada personagem e dimensão apresentado.
Assim como o primeiro, ‘Homem-Aranha: Através do Aranhaverso’ é cheio de referências aos universos do amigão da vizinhança. No primeiro filme, o multiverso chega até Miles, já nesse, Miles vai ao multiverso e explora ele de forma simples, porém completa, permitindo uma gama quase infinita de possibilidades. Com esse feito, ‘Através do Aranhaverso’ se torna um filme para todas as idades, mas não somente por causa do seu humor e leveza nos diálogos, mas também por apresentar as diversas versões do herói, atingindo desde os mais velhos, que podem reconhecer pelas produções mais antigas, até os mais novos com a versão do jogo de videogame lançado em 2018.
O longa apresenta muita comédia, mas ela não é exagerada, fazendo jus às inúmeras piadas e brincadeiras que o personagem sempre teve. Em apenas dois filmes, o Homem-Aranha de Miles Morales conseguiu criar um ambiente familiar, aconchegante e de pertencimento de comunidade, que é muito presente na história do herói nos quadrinhos. Algo que, em 3 filmes e diversas aparições no UCM (Universo Cinematográfico da Marvel) o personagem de Tom Holland, por exemplo, nunca teve a oportunidade, já que sempre estava distraído com núcleo dos vingadores
Concluindo, ‘Homem-Aranha: Através do Aranhaverso’ é uma obra prima digna de assistir nos cinemas (de preferência dublado), feita com muito amor, carinho e atenção. É uma linda homenagem aos criadores Stan Lee e Steve Ditko e uma linda história sobre o Homem-Aranha, seja Peter Parker ou Miles Morales.
Foto: Reprodução/Sony Pictures