Sem diálogo com Trump, Brasil vê tarifa de 50% como inevitável

Nesta segunda-feira (28), a três dias da entrada em vigor do “tarifaço” americano, o governo Lula avaliou que a falta de diálogo direto com o presidente Donald Trump torna praticamente inviável o adiamento da alíquota de 50% sobre produtos brasileiros, prevista para começar em 1º de agosto.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que o plano de contingência com cenários, incluindo crédito emergencial e ações específicas para setores como agronegócio e indústria, será formalmente apresentado ao presidente Lula nesta segunda-feira. Apesar da preparação, Haddad ressaltou que todos os esforços iniciais foram voltados à negociação, mas esbarraram na obstinação política de Washington. A comunicação está limitada a contatos técnicos e intermediários, sem interlocução direta com a Casa Branca.
O vice‑presidente e ministro do Comércio, Geraldo Alckmin, explicou que houve uma conversa efetiva de 50 minutos com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, mas não houve maior avanço. A falta de resposta da parte americana, segundo ele, reduz a chance de uma extensão do prazo de 60 a 90 dias que o Brasil pretendia negociar.
O presidente Lula da Silva voltou a criticar a postura dos EUA como um gesto de “chantagem inaceitável”, apontando que o governo americano ignorou oficialmente as tentativas de diálogo brasileiro, apesar de 10 reuniões e uma carta formal enviada em 16 de maio. A única resposta veio por meio de uma publicação em rede social de Trump em julho.
Sem deixar de reiterar a disposição para negociar, o governo brasileiro admitiu que o pedido formal de adiamento já é visto como improvável de ter êxito. A avaliação interna é que, diante da ausência de abertura americana, os efeitos da tarifa serão enfrentados com medidas internas e ações judiciais, em vez de diplomáticas.
Por: Carolina Sepúlveda
Foto: Fotos da AFP