Tarifaço de Trump pode custar R$ 830 milhões ao RJ

O Rio de Janeiro já calculou os possíveis impactos econômicos das novas tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Um estudo preliminar apresentado ao governo estadual estima prejuízos de R$ 830 milhões, o equivalente a 0,7% da economia fluminense. O valor foi discutido nesta terça-feira (22) em reunião do grupo de trabalho criado pelo governador Cláudio Castro (PL) para avaliar os efeitos da medida.
O encontro, liderado por Castro e pelo secretário-chefe da Casa Civil, Nicola Miccione, contou com a participação de representantes da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Firjan, Fecomércio e outras entidades do setor produtivo. A secretária interina da pasta econômica, Fernanda Curdi, apresentou os dados, que apontam os municípios do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, São João da Barra e Volta Redonda como os mais afetados. Os setores mais vulneráveis são petróleo refinado, ferro e aço semimanufaturados e pesca, este último já enfrentando dificuldades mesmo antes da implementação das tarifas.
“O Rio de Janeiro é o segundo maior estado exportador para os EUA, e essa medida pode afetar diretamente a nossa economia”, afirmou Cláudio Castro em suas redes sociais.
Em 2024, o estado exportou R$ 7,4 bilhões para os Estados Unidos e importou R$ 8,9 bilhões. O desequilíbrio na balança comercial pode levar a movimentos diplomáticos, mas a situação seria ainda mais crítica se as tarifas partissem da China, destino de R$ 16,8 bilhões em exportações fluminenses no mesmo período, contra importações de apenas R$ 1,7 bilhão.
Um alívio para o estado é que o petróleo bruto, principal produto de exportação do Rio, deve ficar de fora das taxações. Mesmo se incluído, o setor tem mercados alternativos, o que reduziria o impacto nos royalties. A maior preocupação, no entanto, recai sobre pequenas e médias empresas, especialmente as dos segmentos industrial e pesqueiro, que podem sofrer com desemprego e redução de competitividade.
O governo ainda não definiu medidas de auxílio direto aos empresários, mas promete apresentar uma posição oficial em até 10 dias, após ouvir o setor produtivo e analisar dados mais detalhados. A próxima reunião do grupo deve contar com a presença do cônsul-geral dos EUA no Rio, Ryan Rowlands.
Castro evitou comentários sobre Trump ou as tensões diplomáticas envolvendo a família Bolsonaro, focando apenas nos aspectos econômicos.
O Rio foi o primeiro estado a criar um grupo de trabalho sobre o tema.
Por: Beatriz Queiroz
Foto: Rafael Catarcione | Riotur