Moraes afirma que Bolsonaro admite atuação criminosa ao vincular tarifas dos EUA à anistia

Em decisão que impôs medidas cautelares rigorosas a Jair Bolsonaro, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, afirmou que o ex-presidente praticou “confissão consciente e voluntária” de atuação criminosa ao condicionar o fim das tarifas de Donald Trump contra o Brasil à sua própria anistia judicial. Para Moraes, essa conduta configura extorsão ao Judiciário, por vincular interesses pessoais a ações de política internacional, além de representar uma tentativa de interferência externa na Justiça brasileira.
O ministro também destacou que Bolsonaro admitiu o envio de R$ 2 milhões via Pix ao filho Eduardo Bolsonaro, que atua politicamente nos Estados Unidos junto a aliados de Trump. Moraes enquadrou a ação como um “gravíssimo atentado à soberania nacional e à independência do Judiciário”, ressaltando ainda o risco à economia brasileira com o incentivo a sanções estrangeiras, o que caracterizaria a intenção de abalar a estabilidade do país.
Como parte das medidas cautelares, Bolsonaro foi obrigado a usar tornozeleira eletrônica, cumprir recolhimento domiciliar entre 19h e 6h, inclusive aos fins de semana, manter distância mínima de 200 metros de embaixadas e diplomatas, além de estar proibido de acessar redes sociais e se comunicar com outros investigados. A defesa classificou as medidas como “severas” e injustificadas, prometendo recorrer. O PL, partido de Bolsonaro, criticou a decisão por considerá-la desproporcional, alegando que o ex-presidente vinha colaborando com as investigações.
Em um dos trechos mais decisivos da decisão, Moraes afirmou que “está demonstrado o objetivo de obstruir a ação penal mediante campanha criminosa que usa ameaças econômicas estrangeiras para pressionar o Judiciário brasileiro”, citando como provas declarações públicas e transferências financeiras.
Por: Beatriz Queiroz
Foto: Arquivo Onbus