Bombardeios israelenses atingem Damasco durante confrontos entre forças sírias e grupos tribais

Israel ampliou, nesta quarta-feira (16), sua ofensiva militar contra a Síria, com novos bombardeios atingindo áreas da capital Damasco e regiões no sul do país. Os ataques ocorrem no quarto dia de confrontos violentos na província de Sweida, região majoritariamente habitada pela minoria drusa, e que vem sendo palco de uma escalada preocupante entre forças do governo sírio, grupos tribais e combatentes locais.

A crise teve início após o sequestro de um comerciante druso por membros de tribos beduínas sunitas no último domingo (13). Desde então, centenas de mortes foram registradas, o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) estima que ao menos 248 pessoas já morreram, entre civis e combatentes. Apesar de um cessar-fogo ter sido tentado na terça-feira, a trégua durou pouco e os combates voltaram com ainda mais intensidade.

Segundo informações de fontes sírias, os bombardeios desta quarta-feira atingiram inclusive um complexo militar em Damasco que abriga o Ministério da Defesa e o palácio presidencial. O governo sírio classificou a ofensiva como uma “agressão traiçoeira” e confirmou, até o momento, um morto e ao menos 18 feridos na capital.

Do lado israelense, a justificativa para a ofensiva é a necessidade de proteger a minoria drusa que vive na região fronteiriça e impedir o avanço das forças sírias no sul do país. O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou que o país não permitirá que tropas do regime de Bashar al-Assad se instalem nas proximidades do território israelense e reforçou o compromisso com os drusos que também habitam os Altos do Golã, sob controle de Israel desde 1967.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu também endossou os ataques, dizendo que Israel age em defesa de aliados históricos e de sua segurança nacional. A posição tem gerado críticas da comunidade internacional. A União Europeia pediu respeito à soberania síria e a proteção de civis. Já o governo francês condenou os relatos de execuções sumárias e saques, enquanto a Turquia alertou para o risco de uma instabilidade regional ainda maior.

A escalada em Sweida e em Damasco abre um novo front de tensão no Oriente Médio, que já vive um cenário crítico com os conflitos em Gaza e no Líbano. A atuação israelense na Síria coloca em xeque os esforços internacionais por estabilidade e reacende o alerta para a possibilidade de novos deslocamentos forçados de civis e impactos na logística regional, incluindo rotas de transporte entre países vizinhos.

Por: Carolina Sepúlveda 

Foto: Omar Haj Kadour / AFP