Tarifa de 50% imposta pelos EUA ameaça exportações brasileiras de café, carne, suco de laranja, aeronaves e máquinas

A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entra em vigor no dia 1º de agosto e pode provocar forte impacto nas exportações do Brasil para o mercado norte-americano, segundo maior destino dos produtos nacionais.
Itens como café, carne bovina, suco de laranja, aeronaves e máquinas estão entre os principais produtos exportados pelo Brasil aos EUA e podem sofrer queda expressiva de competitividade. Analistas apontam que a medida pode gerar perdas bilionárias para a balança comercial brasileira, especialmente em setores que dependem fortemente do mercado americano.
De acordo com dados do governo e análises do BTG Pactual, os produtos mais exportados pelo Brasil aos Estados Unidos em 2024 foram:
- Petróleo – US$ 5,8 bilhões
- Produtos semifaturados de ferro ou aço – US$ 2,8 bilhões
- Aeronaves – US$ 2,4 bilhões
- Materiais de construção e engenharia – US$ 2,2 bilhões
- Café – US$ 2 bilhões
- Carne bovina – US$ 1,63 bilhão
- Madeira – US$ 1,6 bilhão
- Suco de laranja – US$ 1,31 bilhão
- Máquinas e motores – US$ 1,3 bilhão
- Eletrônicos – US$ 1,1 bilhão
O petróleo, por enquanto, permanece isento da tarifa de 50%, bem como alguns itens estratégicos como semicondutores e produtos farmacêuticos. No entanto, setores como o de suco de laranja e café devem sentir os efeitos de imediato, com queda de margens, perda de competitividade e riscos à sustentabilidade das cadeias produtivas, segundo especialistas.
Cenário de impacto setorial
- Café: maior exportador mundial, o Brasil tem nos EUA seu principal cliente. A tarifa pode aumentar o preço ao consumidor norte-americano e reduzir a margem dos produtores brasileiros.
- Carne bovina: os EUA respondem por 16,7% do volume exportado. Empresas como Minerva, JBS e Marfrig avaliam impactos relevantes na receita.
- Suco de laranja: a tarifa representa um aumento de mais de 500% nos custos, podendo inviabilizar economicamente o comércio com os EUA.
- Aeronaves: cerca de 63% das exportações brasileiras do setor têm como destino os EUA. A Embraer é a mais afetada.
- Máquinas e motores: mais de 60% da produção destinada ao mercado americano. Empresas como a WEG podem ser impactadas diretamente.
A reação do governo brasileiro ainda está em análise, com o presidente Lula mencionando a possibilidade de recorrer à “Lei da Reciprocidade”. A medida abre espaço para retaliações ou negociações comerciais frente à decisão de Washington.
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