Itamaraty negocia com Uruguai disputa territorial pelo Rincão de Artigas após investimento em parque eólico

O Itamaraty busca negociar diplomaticamente com o Uruguai a disputa pelo Rincão de Artigas, uma área de 237 km² na fronteira entre Santana do Livramento (RS) e o território uruguaio. O conflito, que remonta ao século XIX, ganhou novo fôlego após o Brasil destinar a região para a construção de um parque eólico pela Eletrobrás, com investimentos de R$ 2,5 bilhões.
O Uruguai alega que houve um erro de demarcação após sua independência (1856), deixando a área sob controle brasileiro. O Brasil defende a soberania com base em tratados históricos. A usina eólica em construção tem capacidade para abastecer 1,5 milhão de consumidores, aumentando o interesse estratégico na região.
Em 1988, durante a promulgação da Constituição brasileira, o tema foi discutido, mas sem resolução. O Uruguai reforçou recentemente seu pleito por meio de um comunicado oficial, citando “irmandade, equidade e justiça” como princípios para a revisão das fronteiras. No Google Maps, a área aparece com limites pontilhados, sinalizando a controvérsia.
O Itamaraty pretende resolver o impasse por vias diplomáticas, evitando escalonamento. As tratativas iniciais ocorrerão entre as chancelarias dos dois países, que mantêm relações historicamente estáveis.
A região não tem relevância agrícola ou ambiental, mas o projeto eólico a tornou economicamente valiosa. Enquanto o Uruguai baseia sua reivindicação em documentos do século XIX, o Brasil argumenta que a ocupação secular e os investimentos recentes consolidam seus direitos.
O desfecho pode influenciar outros acordos bilaterais, como cooperação energética e comércio na fronteira.
Por: Beatriz Queiroz
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