EUA ampliam vigilância digital para controle de entrada de turistas no país, atingindo estrangeiros com histórico de críticas políticas

No final do mês de junho, Mads Mikkelsen, um turista norueguês, foi impedido de entrar nos Estados Unidos após autoridades encontrarem em seu celular um meme crítico ao vice-presidente J.D. Vance. Há debates sobre o endurecimento das políticas de imigração norte-americanas. Embora o consulado dos EUA afirme que a checagem de redes sociais se aplique apenas a estudantes, especialistas alertam que qualquer viajante pode ser submetido a revistas eletrônicas rigorosas ao chegar ao país.
Desde 2019, solicitantes de visto são obrigados a declarar todos os perfis usados em redes sociais nos últimos cinco anos. Na chegada aos Estados Unidos, agentes da CBP (Customs and Border Protection) têm permissão para exigir senhas de celulares e laptops, clonar dispositivos e analisar fotos, conversas e postagens. Criticar figuras do governo Trump, fazer menções a drogas ou apoiar movimentos considerados antissionistas, mesmo que não sejam antissemitas, pode servir como justificativa para barrar a entrada.
Especialistas em imigração apontam que essa prática foi intensificada durante o primeiro mandato de Donald Trump (2017–2021), com foco em deportações e em restrições direcionadas a grupos específicos, como muçulmanos. Agora, no segundo mandato iniciado em 2025, o controle foi ampliado, com forte vigilância digital e ações que atingem até estrangeiros com histórico de críticas políticas.
Viajantes brasileiros devem redobrar os cuidados antes de embarcar. A recomendação é listar corretamente todos os perfis usados nas redes sociais, apagar memes e posts antigos com conteúdo político sensível ou relacionados a drogas, além de limpar o histórico de navegação e desinstalar aplicativos desnecessários. Durante a imigração, se solicitadas, as senhas devem ser fornecidas, a recusa pode resultar em multas ou até mesmo detenção. Mesmo sem aviso prévio, os agentes têm o direito de acessar celulares e laptops, medida justificada pelo governo como prevenção ao terrorismo, mas que, segundo especialistas, representa uma forma velada de censura.
Casos de deportações envolvendo brasileiros já foram registrados por postagens antigas. Por isso, quem pretende visitar os Estados Unidos deve revisar atentamente seus perfis e conteúdos digitais antes da viagem.
Por: Beatriz Queiroz
Foto: Arquivo Onbus