Ativista brasileiro deportado por Israel retorna e denuncia maus-tratos durante detenção

Thiago Ávila, ativista brasileiro, retornou ao Brasil na manhã desta sexta-feira, após ser deportado por Israel. Ele havia sido detido a bordo do veleiro “Madleen”. No último domingo, forças israelenses interceptaram uma embarcação no Mar Mediterrâneo. A embarcação, que fazia parte da Coalizão Flotilha Liberdade (FFC, na sigla em inglês), transportava itens de ajuda humanitária destinados à Faixa de Gaza.

Thiago aterrissou no Aeroporto Internacional de Guarulhos por volta das 5h40. Ao desembarcar, por volta das 7h, foi recebido por sua esposa, Lara Souza, e pela filha Tereza. Ele também foi recebido por um grupo de aproximadamente 40 manifestantes que apoiam a causa palestina. Eles seguravam cartazes pedindo boicote a Israel, criticavam o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e deram gritos de guerra exigindo que o presidente Lula (PT) rompa com o governo israelense.

“A gente tentou o máximo que a gente pôde levar nossa missão humanitária e a gente foi impedido por um Estado racista, supremacista, que há oito décadas realiza limpeza étnica. Não tem nada a ver com religião, tem a ver com a ideologia do sionismo, que precisa ser enfrentado. Inspirado pelo povo palestino a gente faz um monte de coisa, mas é a esse povo a quem a gente deve homenagem, porque o palestino mostrou para o mundo o sistema que oprime”, disse.

Ávila criticou ainda o embaixador de Israel no Brasil e disse que o país “deveria ter rompido relações com essa ideologia odiosa”.

 “Os palestinos amam os brasileiros, gente. Espero que a gente consiga honrar isso, que sejamos um país que não é cúmplice, que não exporte petróleo para lá. Eu tenho certeza que no coração de cada brasileiro está a convicção de que é errado bombardear hospitais, crianças. Precisamos deter esse regime odioso”,falou.

O ativista brasileiro Thiago Ávila, que integrava uma flotilha internacional com destino à Faixa de Gaza, afirmou ter sido submetido a maus-tratos durante sua detenção por autoridades israelenses. Ele foi levado à solitária e iniciou uma greve de fome após se recusar a assinar um documento que reconheceria sua entrada ilegal em Israel.

Enquanto a maioria dos ativistas já foi deportada, dois franceses permanecem detidos em Givon. A deportação está prevista para esta sexta-feira. O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, acompanha o caso. A mulher de Thiago foi recebida pela Secretária-Geral do Ministério das Relações Exteriores, que reafirmou o apoio do Brasil ao Estado da Palestina e à atuação da UNRWA.

Por: Carolina Sepúlveda 

Foto: Maria Isabel Oliveira/Agência O Globo