Sociólogo prevê teto de 35% da população para evangélicos e piso estável de 40% para católicos no Brasil

Crítico da ideia de que os evangélicos se tornarão maioria no Brasil, o sociólogo Paul Freston, especialista em religião, defende que o grupo dificilmente passará de 35% da população. A leitura, reforçada pelos dados do Censo 2022, contraria previsões anteriores de outros pesquisadores que apostavam em um avanço mais veloz do segmento. Freston, que há mais de 15 anos sustenta essa tese, destaca que o crescimento protestante já dava sinais de desaceleração e que parte dos fiéis migrantes do catolicismo também se desloca para outras crenças ou para o grupo dos sem religião.
Segundo ele, o fenômeno do “evangélico não praticante” deve crescer à medida que a comunidade se amplia e se torna mais diversa. A ligação entre igrejas e o bolsonarismo também pode ter impacto na adesão.
Para Freston, a associação política intensa com a direita pode afastar potenciais novos fiéis, especialmente os mais críticos à mistura entre religião e política. Ele ainda afirma que escândalos nas igrejas e a falta de resultados concretos na esfera social após décadas de crescimento também contribuem para a estagnação.
Sobre os católicos, o sociólogo acredita em um piso estável de 40% da população, sustentado por um núcleo firme de praticantes e por iniciativas como a Renovação Carismática, que conseguiu se adaptar ao contexto de concorrência religiosa.
Freston também se surpreendeu com o crescimento tímido do grupo sem religião no último Censo e atribui isso, entre outros fatores, à desaceleração econômica e ao impacto da pandemia. Para ele, a expectativa de que regiões como Acre e Rondônia, onde os evangélicos são maioria, representem o futuro religioso do país não se sustenta, já que não refletem a diversidade demográfica e econômica do Brasil.
Por: Beatriz Queiroz
Foto: Reprodução/Gabriela Biló/Folhapress