Setor prevê fim do EAD em vários cursos e aposta no avanço do semipresencial

As instituições privadas do setor acreditam que a modalidade semipresencial, recentemente introduzida pelo governo federal, deve se tornar predominante no ensino superior brasileiro. A visão no mercado é que o ensino presencial diminua e se torne predominante apenas nos cinco cursos: Direito, Medicina, Psicologia, Odontologia e Enfermagem, que não podem ser oferecidos de outra forma.
O governo federal divulgou um decreto com novas normas para a educação a distância no Brasil há dez dias. Uma das novidades é a introdução da nova modalidade semipresencial. A regra geral é que esses cursos devem ter pelo menos 30% de atividades presenciais, enquanto os 20% restantes podem incluir aulas online ao vivo. O tempo restante pode ser disponibilizado remotamente.
Alguns cursos não estarão disponíveis na modalidade EAD, porém poderão ser oferecidos no formato semipresencial, seguindo condições específicas. Nessa lista, constam as Licenciaturas, Engenharias, Veterinária e demais cursos de Saúde que não aparecem entre os cinco que devem ser presenciais. Cada um desses cursos possui regras distintas quanto à carga horária presencial, à distância e ao vivo online.
Segundo Paulo Chanan, diretor-geral da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), é provável que a “oferta do presencial fique restrita a esses cinco cursos”.
“A conversa geral do setor é que vai haver uma migração de alunos do presencial, que não seja desses cinco cursos, para o semipresencial. E do EAD para o semipresencial vai haver uma migração forçada nas áreas que não poderão mais ser oferecidos à distância. Isso vai fortalecer esse novo mecanismo de oferta”, afirmou o representante do setor no Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular (Cbesp).
O Fórum Brasil Educação, uma organização formada por diversas entidades de instituições de ensino superior privadas, incluindo a ABMES, é o responsável pela realização do encontro.
O diretor-geral da ABMES observa que, no momento, as inscrições estão divididas igualmente entre os cursos presenciais e os cursos a distância. Entretanto, as Licenciaturas, que representam uma parte significativa do EAD, passarão para o formato semipresencial. Porém, a Enfermagem, que já conta com mais de 200 mil alunos, será oferecida apenas no formato presencial. Dessa forma, apenas o curso de Administração permanecerá no EAD entre os maiores do mercado.
“O EAD vai continuar tendo apelo com baixa mensalidade, mas restrito ao que é possível”, disse Chanan.
A projeção do Ministério da Educação é que metade dos polos existentes vai fechar. Além disso, o setor entende que haverá uma corrida para a transformação de polos em instituições de ensino, o que na avaliação das empresas facilitará a adequação do que é exigido.
Por: Carolina Sepúlveda
Foto: Rep/ Portal Onbus