Bolsonaro teme prisão e bloqueio de bens após inquérito de Moraes contra Eduardo

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de abrir um inquérito contra Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aumentou o temor, no entorno de Jair Bolsonaro, de que o ex-presidente possa ser alvo de uma prisão preventiva nos próximos dias. O receio cresceu após Moraes determinar que Bolsonaro preste depoimento à Polícia Federal em até dez dias, por ser o responsável financeiro pela estadia do filho nos Estados Unidos.

O pedido de investigação partiu da Procuradoria-Geral da República (PGR), que apura uma suposta articulação de Eduardo para pedir sanções do governo Trump contra ministros do STF, em meio às investigações sobre a tentativa de golpe para impedir a posse de Lula. Licenciado do mandato e morando no exterior desde fevereiro, Eduardo é investigado por crimes como obstrução de Justiça, organização criminosa e abolição violenta do Estado democrático de direito.

Bolsonaro afirmou publicamente que tem custeado os gastos do filho com parte dos R$ 17 milhões recebidos por doações via pix em 2023. Segundo aliados, esse vínculo financeiro reforça a linha de investigação da PGR. O ex-presidente também é alvo de outras apurações e, de acordo com aliados ouvidos reservadamente, passou a considerar “real” a possibilidade de prisão.

Apesar da tensão, há entre bolsonaristas quem veja na abertura do inquérito um reforço à narrativa de perseguição política e um impulso à projeção internacional de Eduardo. Para alguns interlocutores, a decisão de Moraes teria “transformado Eduardo em um expoente da direita”.

Por: Beatriz Queiroz
Foto: Arquivo OnBus