Filho gritava que havia matado pai antes de corpo ser encontrado esqueletizado dentro de casa, na Ilha do Governador, diz testemunha

Durante anos, vizinhos de Dario Antonio Raffaele D’Ottavio, de 88 anos, na Ilha do Governador, suspeitavam de algo errado. Mas foi o comportamento perturbador do filho do idoso, Marcelo Marchese D’Ottavio, de 51 anos, que reforçou a desconfiança. Segundo depoimento de testemunha que conhecia a família há cerca de 20 anos, Marcelo, com uma aparência negligenciada, costumava gritar da própria casa: “Eu matei meu pai”. O corpo do aposentado foi localizado em estado avançado de decomposição num cômodo vedado com papel higiênico.
Marcelo e a irmã, Tania Conceição Marchese D’Ottavio, de 55 anos, foram presos na última quarta (21), acusados de ocultação de cadáver, resistência e lesão corporal. A Polícia Civil trabalha com a hipótese de que os dois esconderam a morte do pai para continuar recebendo seus benefícios. A perícia aponta que o idoso estava morto há pelo menos seis meses, em estado de esqueletização. Ambos tiveram a prisão mantida após audiência de custódia.
Testemunhas ouvidas na 37ª DP relataram que Dario era uma figura conhecida e querida no bairro do Cocotá, sempre visto cuidando do carro na garagem ou conversando com os vizinhos. Após o desaparecimento, Marcelo passou a agir de forma estranha e chegou a dizer a moradores que havia jogado o corpo do pai no lixo. Ele também era visto com grandes quantias em dinheiro, comprando mantimentos e papel higiênico, o mesmo tipo que cobria o cômodo onde estava o cadáver.
Apesar de tentativas de intervenção feitas por vizinhos e órgãos públicos, o acesso à casa era impedido por Marcelo. Só com mandado judicial os agentes da 37ª DP conseguiram entrar no imóvel e encontrar o corpo. A irmã do acusado, Tania, professora afastada da rede pública, também vivia na casa e era considerada reservada pelos moradores.
Por: Beatriz Queiroz
Foto: Reprodução