Dores persistentes causadas pela Fibromialgia afetam saúde emocional de milhões de pessoas, diz especialista

A dor crônica e a fibromialgia afetam milhões de brasileiros de forma silenciosa, constante e, muitas vezes, invisível. Sem distinção de cor, gênero ou classe social, essas condições impactam diretamente a qualidade de vida das pessoas, indo muito além dos sintomas físicos. De acordo com a psicóloga Jordana Ribeiro, especialista em saúde emocional e dores persistentes, o sofrimento pode se manifestar primeiramente no corpo, mas quase sempre tem raízes na mente.
“O corpo fala aquilo que a mente não consegue expressar”, afirma a psicóloga. “A fibromialgia, por exemplo, é uma condição que envolve dores musculares difusas, fadiga, distúrbios do sono e, frequentemente, quadros de ansiedade e depressão. Ignorar a dimensão emocional desses sintomas é perpetuar o sofrimento.”
Dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia estimam que cerca de 2,5% da população do país sofre de fibromialgia, sendo a maioria mulheres entre 30 e 60 anos. No entanto, qualquer pessoa pode ser afetada. Em muitos casos, a dor é subnotificada, especialmente em comunidades com menor acesso a diagnóstico e tratamento.
A condição tem ganhado mais visibilidade nos últimos anos graças a figuras públicas que decidiram tornar sua luta conhecida. Um dos casos mais emblemáticos é o da cantora Lady Gaga. Em entrevistas e no documentário Gaga: Five Foot Two, a artista revelou conviver com fibromialgia e lúpus, destacando o impacto físico e emocional das doenças.
“Eu uso a palavra ‘sofrimento’ porque isso é o que acontece. É real, e é todo dia acordar sem saber como você vai se sentir”, declarou a cantora.
Outro nome conhecido que convive com a fibromialgia é o ator Morgan Freeman. Em entrevista à revista Esquire, ele falou sobre os desafios que enfrenta.
“É como uma dor aguda e constante. Eu aprendi a viver com ela, mas às vezes é exaustivo”, contou.
Freeman desenvolveu a condição após um acidente de carro, e desde então convive com dores no ombro e no braço esquerdo.
Para a psicóloga Jordana Ribeiro, a dor crônica deve ser encarada como uma questão biopsicossocial — que exige atenção médica, acolhimento emocional e compreensão social.
“Não basta tratar apenas o corpo. Muitas vezes, a origem ou a manutenção da dor está relacionada a traumas, estresse crônico, sobrecarga emocional ou vivências de abuso que foram empurradas para o inconsciente”, explica.
Nesse cenário, a psicoterapia se mostra uma ferramenta essencial. Abordagens como a Terapia Cognitivo-Comportamental, a terapia corporal e outras práticas integrativas auxiliam no reconhecimento de padrões de sofrimento e na criação de estratégias para enfrentamento da dor.
“O que percebo no consultório é que, muitas vezes, a dor física é a forma que o corpo encontra para pedir socorro. A escuta psicológica acolhedora, sem julgamento, é um caminho para a libertação dessas amarras invisíveis”, destaca Jordana.
Mais do que uma condição clínica, a dor crônica é um pedido urgente de empatia. É preciso que a sociedade compreenda que, embora invisível, essa dor é real — e exige respeito, escuta e cuidado.
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